Aparentemente
desconectada da campanha eleitoral, pela natureza do tema (drogas), a
crítica do candidato José Serra ao governo boliviano obedece a uma
estratégia de contestação da política externa brasileira, questionando
sua eficiência e relação custo/benefício para o Brasil.
Para não pôr em risco o princípio de respeito à soberania das nações
a abordagem crítica explora a relativização do conceito democrático e
dos direitos humanos pelos países que recebem tratamento privilegiado
do governo Lula.
Nesse contexto, a Bolívia foi precedida por Venezuela, Cuba e Irã e,
no plano estritamente comercial, pela Argentina e China. Em pílulas,
Serra vai expondo seu pensamento revisionista para a chancelaria
brasileira.
Traz para o debate eleitoral a possibilidade de explorar as
contradições do governo Lula, de discurso e prática democráticos no
plano interno, mas indiferente aos desmandos em Cuba e Venezuela,
tolerante com movimentos como as Farc, à qual ainda reconhece status
político, e ingênuo na ação pela paz no Oriente Médio.
A politização do Mercosul e o reconhecimento da China como economia
de mercado deram visibilidade ao conflito comercial e produziram a
proposta de introduzir no currículo do Itamaraty a especialização em
comércio externo, cuja gestão no governo é fragmentada, em ministérios
e departamentos.
Fonte: JOÃO BOSCO RABELLO - O Estado de S.Paulo
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