Ao lado de Marina Silva, do PV, os pré-candidatos participaram de sabatina promovida pela Confederação Nacional da Indústria
"Falta qualidade de gestão e planejamento"
Pressionado pelas últimas pesquisas de intenção de voto que registraram queda da candidatura tucana e provocaram ansiedade em aliados e correligionários, o pré-candidato do PSDB a presidente, José Serra, deixou de lado o figurino "paz e amor". Em evento promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com a presença de Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV), ele criticou o governo e chamou a petista para o debate.
Pressionado pelas últimas pesquisas de intenção de voto que registraram queda da candidatura tucana e provocaram ansiedade em aliados e correligionários, o pré-candidato do PSDB a presidente, José Serra, deixou de lado o figurino "paz e amor". Em evento promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com a presença de Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV), ele criticou o governo e chamou a petista para o debate.
A uma plateia de industriais e parlamentares, Serra elevou o tom das
críticas ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Falta
planejamento, qualidade de gestão e falta capacidade para fazer
sequenciamento dos investimentos segundo a ordem de prioridade",
afirmou.
Sorteado para falar em segundo lugar, logo após Dilma, ele atacou as
altas taxas de juros, a carga tributária, os baixos níveis de
investimentos e criticou a importação de produtos chineses. Chegou a
ironizar a petista. "Não entendi a explicação da Dilma quando ela
defende a política cambial e de juros. Entra governo, sai governo,
continuamos com os maiores juros do mundo", disse.
Interação. Em resposta à plateia que cobrava a redução de impostos,
de juros e de encargos trabalhistas, Serra defendeu o fim de dois
tributos na construção de infraestrutura em saneamento e afirmou que,
caso eleito, haverá "uma proposta eliminando o PIS e o Cofins do
saneamento no dia 2 de janeiro".
Serra repetiu os ataques ao aparelhamento político das agências
reguladoras e de postos importantes do Executivo e falta de
planejamento. "Por que um partido quer a diretoria financeira de uma
empresa pública?", questionou. Ao final, fez questão de destacar que
foi um dos primeiros a defender o tripé macroeconômico que inclui juros
flutuantes, as metas de inflação e responsabilidade fiscal.
Bem humorado, até debochou do temor que o mercado teria de suas
ideias. "Eu ajudei a erguer a mesa da economia do Brasil, não vou
derrubar esta mesa", afirmou, para concluir sob aplausos: "O importante
é que a gente olhe para frente."
"Brasil teve um apagão do planejamento"
Disposta a dissipar rumores de que, se vencer a eleição, promoverá uma guinada à esquerda no Planalto, a pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, assumiu ontem compromisso com a estabilidade econômica e associou o risco de mudança ao adversário José Serra, do PSDB.
Primeira a responder às perguntas da sabatina promovida pela CNI,
Dilma apresentou-se como a única garantia de continuidade de um governo
bem avaliado. Em tom pausado, ela assegurou que respeitará os contratos
e manterá a política de câmbio flutuante, combinada com metas de
inflação e ajuste fiscal.
Para agradar à plateia de homens engravatados, Dilma foi mais longe
e propôs a criação do Ministério da Micro, Pequena e Média Empresa. Não
foi só: pregou a reforma de impostos que o governo não conseguiu
aprovar no Congresso, chamou a situação tributária de "caótica" e disse
que a desoneração da folha de salários é "fundamental". Na tentativa de
neutralizar o discurso da gastança entoado por Serra, prometeu até
cortar despesas, "desde que não comprometam os investimentos". Só não
especificou onde seria a tesourada.
Meritocracia. "O Estado brasileiro tem de ser profissional e
meritocrático, precisa ter gestão e regulação correta, sem prejuízo do
setor privado", insistiu a ex-ministra da Casa Civil. Nas diretrizes do
programa de governo, o PT defende um Estado forte.
Dilma lembrou que, quando assumiu o Ministério das Minas e Energia,
em 2003, havia 20 motoristas e um engenheiro. "Não tenho nada contra
motoristas, mas no passado foram feitos cortes irracionais e o Brasil
teve um apagão do planejamento", criticou, numa referência ao governo
de Fernando Henrique Cardoso.
Mais tarde, em entrevista, Dilma defendeu o preenchimento das vagas
de agências reguladoras por "critérios técnicos". Em resposta a Serra,
porém, ressalvou que "isso não significa acabar com indicação
política". Ela também deu estocadas no tucano ao dizer que "todo mundo
quer qualidade da educação, mas ninguém quer salário para o professor".
Pouco antes de deixar o governo paulista, Serra enfrentou greve de
professores.
Fonte: Christiane Samarco, Denise Madueño e Vera Rosa - O Estado de S.Paulo
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