Ao participar nesta sexta-feira de lançamento da
pré-candidatura do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) ao governo de
Pernambuco, o pré-candidato à sucessão presidencial pelo PSDB, José
Serra, afirmou que, se eleito, vai acumular a Presidência com o comando
do Sudene.
"Eu, presidente da República, vou presidir, ao mesmo tempo, durante
seis meses, a Sudene para fazer a reforma necessária. Vou acumular o
trabalho", disse em discurso a uma plateia de 3.000 pessoas, segundo a
organização.
Serra criticou a promessa de revitalização do órgão, criado há 50
anos, promovida pelo atual governo. Afirmou que a reabertura não se
efetivou.
"Recife sedia um organismo fundamental para o desenvolvimento que
está em crise há muito tempo. Porque tinha corrupção, má gestão. O
governo tinha a promessa que seria reaberta e continua inexistente",
disse.
Serra também relembrou os tempos em que foi exilado político e afirmou que é um político nacional.
"Eu fui, sou e continuarei sendo um político nacional e não
regional, aprendi como líder estudantil, quando conheci cada Estado,
cada parte do país. Esse sempre foi o sentido da minha luta", afirmou.
O tucano é taxado por alguns políticos pernambucanos de
antinordestino e tem dedicado suas visitas a Pernambuco a mostrar seus
laços com o Estado e com o Nordeste.
A ênfase ao Nordeste faz parte da estratégia da campanha tucana de
aumentar os votos em uma região onde a popularidade do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva beira os 90 por cento.
Além disso, Pernambuco, terra natal de Lula, é o Estado onde Serra
apresenta o pior desempenho nas intenções de voto. Nas últimas
pesquisas realizadas em Pernambuco, Serra aparece com 24 por cento e
Dilma Rousseff (PT) com 53 por cento. Os números são do Vox Populi.
Trata-se do pior desempenho de Serra entre os quatro Estados
nordestinos incluídos na pesquisa. Os demais são Bahia, Rio Grande do
Norte e Paraíba.
No discurso, o pré-candidato ainda tentou defender-se da fama de
pouco simpático. "Eu tenho fama de antipático, vocês vêem que profunda
injustiça".
A candidatura de Jarbas Vasconcelos é sustentada por PMDB, PSDB,
DEM, PPS e PMN. Ele disputa a eleição pernambucana com o governador
Eduardo Campos (PSB) candidato à reeleição e favorito nas pesquisas de
intenção de votos.
RESPONSABILIDADE DO DEM
Pela manhã, ele afirmou à Rádio Jornal que o DEM é responsável pela
utilização de sua imagem e negou tratar-se de propaganda antecipada. O
partido, aliado dos tucanos, veiculou na noite de quinta-feira programa
partidário dominado por imagens de declarações de Serra.
"Não vi, mas não gravei diretamente para o programa. Passaram
trechos de discurso que fiz no dia 10 de abril. Pegaram trechos e
puseram no programa deles. Mas a responsabilidade no caso é do próprio
partido que fez o programa, porque minha imagem foi utilizada, acho
isso perfeitamente normal. Vamos ver como é avaliado", comentou Serra.
BOLÍVIA
Ele voltou a criticar o governo boliviano sobre a falta de controle
das exportações de cocaína. Segundo ele, o governo do país vizinho
estaria fazendo vistas grossas sobre a comercialização da droga.
"Se Pernambuco exportasse 90 por cento da cocaína consumida no
Brasil, isso seria possível sem que o governador fizesse vistas
grossas?", questionou. "Existe um processo fabril. O governo tem que
dar explicações", reforçou.
Fonte: Bruna Serra (Edição de Carmen Munari) - Reuters
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