Projeto para criar a ‘Broadway Paulistana’


Não é só a Prefeitura que está apresentando projetos para revitalizar áreas que hoje se encontram subutilizadas. Em entrevista a esta Gazeta, o ex-subprefeito da Mooca, Eduardo Odloak, apresentou projeto onde sugere a criação da ‘Broadway Paulistana’ no eixo da Avenida Henry Ford, em terrenos desocupados. Perguntado se a sua ideia iria de encontro com o projeto apresentado pelo Executivo de implantação da Operação Urbana Mooca-Vila Carioca, Odloak respondeu que não. “Muito pelo contrário. O momento para discussão é este. Temos que somar as ideia e ver o que é melhor para a cidade” 

GAZETA - Quando você elaborou o projeto?
EDUARDO ODLOAK - A ideia da ‘Broadway Paulistana’ surgiu da necessidade que a cidade possui de lugares adequados para abrigar casas de espetáculos, restaurantes, bares e eventos culturais. São Paulo recebe mais de 11 milhões de turistas por ano e carece de um ambiente específico que não choque com a necessária tranquilidade para áreas com residências. Estamos falando de uma área com mais de 1 milhão de metros quadrados que abrigam algumas centenas de depósitos e galpões de antigas indústrias, sendo que as grandes já deixaram a região, tornando o local adequado para projetos urbanísticos mais arrojados. Ou planejamos essa mudança ou deixamos algo acontecer e depois corremos atrás dos efeitos. O momento é agora.

Isso aconteceu quando você ainda era subprefeito?
Exatamente. Durante a minha gestão pude acompanhar essas mudanças de perto. Estava claro que a vocação daquela região não era mais industrial. A montadora Ford vendeu o terreno que ocupou durante décadas para, futuramente, abrigar um grande shopping, a Continental desocupou o imóvel e a Esso já havia saído da Mooca, deixando uma grande área de solo contaminado. Nessa área, após a descontaminação, é que propomos a criação de um parque verde para a região, criando uma separação da área residencial do alto da Mooca e a área que hoje é de uso industrial.

Isso lhe deu mais argumentos e te ajudou na elaboração do projeto?
Sim. Na realidade há um enorme conflito entre estabelecimentos como bares, restaurante e casas de eventos e espetáculos com os moradores do entorno em todos os bairros onde existem essas atividades. Essa região, por não possuir uso residencial, poderia receber um projeto urbanístico que estimularia investimentos privados para abrigar esse tipo de estabelecimento. Isso impediria a degradação sem recorrer à verticalização e a especulação imobiliária. Além disso, fica a 5 km da Praça da Sé, paralelo à Avenida do Estado e de fácil acesso à Avenida Juntas Provisórias. Portanto, poderia fazer parte do roteiro turístico e de lazer do dia e da noite paulistana.

Qual a sua área de abrangência?
A concentração desses galpões faz divisa com a linha férrea, entre as ruas Sarapuí, Dianópolis e o Viaduto Cap. Pacheco Chaves, sendo o eixo desse projeto a Avenida Henry Ford. Mais de 150 grandes galpões ocupam essa área que, após a construção do shopping sofrerá profundas mudanças. Por isso, é hora de planejar essas mudanças de acordo com o interesse da cidade.

O que te levou a pensar nesse projeto?
 A legislação que trata da lei do silêncio, fiscalizada pelo PSIU e a lei da 1 hora que obriga bares que não possuem tratamento acústico, segurança e estacionamento a encerrarem suas atividades neste horário que é desrespeitada por quase todo o setor. Isso ocorre por que a demanda de clientes exige, mas cria uma séria de problemas para a fiscalização que é obrigada a penalizar (com multas altíssimas) e lacrar o estabelecimento quando reincidente. Uma situação de conflito permanente. De um lado, moradores que querem transitar e dormir; do outro, empresários da noite e frequentadores. Ou seja, atividades que fazem parte do nosso hábito de consumo como moradores de uma das maiores cidades do mundo e possui demanda para ampliar ainda mais essas atividades merece um local para isso. Essa ideia não é novidade, pois diversas cidades do mundo adotaram algum projeto dessa natureza como instrumento de revitalização de regiões degradadas. Porto Madero, em Buenos Aires, é um exemplo.

Você já encaminhou o seu projeto a algum órgão da Prefeitura?
Sim. Discuti essa ideia com diversas pessoas do governo municipal, enquanto eu fui subprefeito, e muitas outras ideias surgiram. Soube que foi votado, no ano passado, a Lei da Concessão Urbanística, e isso pode facilitar essa ideia. Há empresas internacionais estudando a região e já há projetos. Porém, da experiência que tive com a legislação municipal, principalmente nessa área, acredito que seja fundamental a separação do uso residencial com o novo projeto, pois o conflito entre ambos pode ser um grande obstáculo ao sucesso. São Paulo poderá ter uma Broadway planejada e criativa, como a cidade merece.

Estas áreas estão sob a supervisão de quais subprefeituras?
O meu projeto está totalmente dentro da área da Subprefeitura Mooca, mas há um escritório de arquitetura inglês, o Norman Foster, com um estudo de revitalização que abrange essa área da Mooca e envolve áreas da Subprefeitura do Ipiranga também.

Como estão designadas hoje estas áreas no Plano Diretor quanto à Lei de Zoneamento?
Toda a área prevista neste projeto é de uso industrial, ou seja, é restritivo ao uso residencial e permite atividades culturais. Neste caso, não há necessidade de grandes alterações.


Fonte: Gazeta do Tatuapé Vanessa de Sousa

Comentários

  1. Anônimo8/5/10 00:55

    A ideia da ‘Broadway Paulistana’ é um grande projeto que vale a pena ser levado adiante.Acho que vai atender bem os interesses da cidade e valorizando muito a Mooca. Tem tudo pra dar certo.
    São Paulo merece ter uma Broadway bem planejada e criativa.
    Parabéns Eduardo Odloak,por mais esse projeto

    Odila Garcia

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  2. Anônimo8/5/10 15:17

    Com Tantas Salas de cinema desativadas e locais facilmente adaptaveis no centro de São Paulo, porque não começar pelo centro.

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  3. Seria um jeito interessante de revitalizar a Mooca com seu antigos galpões abandonados.

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  4. podia ver alguma coisa no antigo fabrica 5

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