Serra repetiu acusação sobre exportação de drogas da Bolívia para o Brasil e considerou importante 'ação diplomática para frear contrabando'
O
pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, repetiu
críticas à Bolívia durante visita ao 26.º Congresso Nacional de
Secretarias Municipais de Saúde ontem em Gramado, no nordeste do Rio
Grande do Sul.
O tucano justificou as afirmações que fez no Rio na quarta-feira,
quando acusou o governo de La Paz de cumplicidade com o tráfico de
drogas, dizendo que 90% da cocaína consumida no Brasil vem do país
vizinho.
Ontem, o tucano disse que está preocupado com o consumo de
entorpecentes pela juventude. "A maior parte da cocaína que entra no
Brasil vem da Bolívia", destacou. "Você já viu falar de algum controle
do governo boliviano com relação a esse contrabando?", perguntou. "Eu
nunca ouvi falar, então o que o Brasil deve fazer é conversar com o
governo boliviano, fazer gestões, pressionar para que controle a
exportação ilegal de cocaína para a nossa juventude."
Estadista. O tucano ficou cerca de duas horas no evento, deixando o
local às 18 horas. Ele não se encontrou com a pré-candidata Dilma
Rousseff (PT), que também esteve em Gramado, mas rebateu a petista, que
na parte da manhã havia dito que a posição de Serra falou sobre a
Bolívia "não é papel de um estadista nem de quem quer ser estadista".
Segundo o presidenciável do PSDB, "essa é uma questão de estadista,
sim, porque mexe com a vida dos brasileiros".
Serra ressalvou que não está propondo nenhuma intervenção dentro da
Bolívia. "Eu trato a Bolívia como um país independente, com
autodeterminação. Mas, como a Bolívia exporta droga para o Brasil, é
impossível que o governo não possa controlar isso, porque não é um
caminhãozinho, é praticamente o grosso da droga, da cocaína que se
consome no Brasil", disse. "É importante ter ação diplomática decidida,
pública, porque só pública é que ela tem efetividade, para frear esse
contrabando, do contrário é trololó."
Regulamentação. Ao abordar reivindicações de participantes do
congresso, Serra foi mais categórico do que Dilma Rousseff ao tratar da
regulamentação da Emenda 29, que deve definir atribuições da União,
Estados e municípios na área da saúde e vincular uma parcela dos gastos
do governo federal. "Vamos fazer a regulamentação. Se for eu, se eu
tiver essa oportunidade, como espero, vamos fazer no começo do ano
(2011)", anunciou.
Na sequência, Serra alfinetou a petista, que, antes dele, havia dito
que a saúde terá mais recursos graças ao crescimento do País. "O Brasil
não cresce 7% ao ano e se crescer, neste ano, divide por dois e (a
média) é 3%."
O ex-governador de São Paulo também desdenhou do discurso da
pré-candidata petista de que foi a oposição que derrubou a CPMF. "Foi a
base do governo que derrubou", afirmou. "O governo tem número para
aprovar qualquer coisa."
Ao longo do discurso de mais de uma hora, Serra enumerou ações que
liderou e que podem servir de base para o que qualifica de "governo
ativista", entre as quais a queda de preços de medicamentos por ameaça
de quebra de patentes e a absorção de outras iniciativas no Programa de
Saúde da Família.
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