- O Estado de S.Paulo
Em
menos de quatro minutos, os paulistanos podem agora se deslocar entre a
Rua da Consolação e o Largo da Batata usando os trens da nova Linha
4-Amarela do Metrô. O tempo gasto nos 3,6 quilômetros é bem menor do
que o gasto para ultrapassar apenas um dos semáforos da Avenida
Rebouças, principal ligação entre as duas regiões, que na maior parte
do dia fica congestionada. A Linha 4-Amarela liga os bairros Luz (no
Centro) e Vila Sônia (na zona oeste) e é resultado da primeira Parceria
Público-Privada (PPP), firmada entre a Companhia do Metropolitano e o
Consórcio ViaQuatro, que a administrará por 30 anos. Seus 12,8
quilômetros e as 11 estações previstas entrarão em funcionamento pleno
em 2013.
A avançada tecnologia na operação e nos equipamentos do novo ramal,
a arquitetura das estações e as soluções para a redução do seu custo,
principalmente de desapropriação, permitirão à Linha 4-Amarela
oferecer, além do transporte, serviços como centros de convivência,
lojas e bibliotecas, para facilitar a vida dos passageiros. Além do
conforto, a segurança e a operação se apoiam no que há de mais moderno
no mundo no setor metroviário para dar eficácia ao serviço ? item
fundamental para estimular a mudança de hábito de grande parcela da
população que reluta em trocar o transporte individual pelo público.
As plataformas têm portas de vidro, que separam os passageiros dos
trilhos e se abrem simultaneamente com as portas dos trens; as
composições trafegam sem condutores e os vagões interligados permitem
aos passageiros andar de uma ponta a outra dos comboios,
distribuindo-se melhor no seu interior. A comunicação entre os trens,
feita por meio de transponders e por rede sem fio de alta velocidade,
permite que as composições trafeguem com distância de até 15 metros
entre uma e outra, o que reduzirá significativamente a espera dos
passageiros nas plataformas. Hoje a distância entre trens é de 150 a
200 metros.
A construção da nova Linha do Metrô praticamente não interferiu na
rotina da cidade. Como bem lembrou em entrevista ao Estado o
arquiteto-chefe do Departamento de Concepção de Arquitetura da
Companhia do Metropolitano, Ilvio Artioli, a implantação da Linha 4
afetou apenas 213 imóveis na região da Estação Faria Lima, a única
construída seguindo padrões tradicionais, em vala e superficial. As
demais foram planejadas em formato de fosso profundo e não foram
necessárias desapropriações. A construção da primeira Linha 1-Azul do
metrô exigiu quase 1,3 mil desapropriações a mais do que na Linha 4.
Além disso, na construção da primeira linha houve a interdição, por
mais de dez anos, do tráfego em grandes corredores, como a Avenida
Jabaquara e as Ruas Vergueiro e Domingos de Morais. Na nova linha houve
apenas algumas interdições pontuais e por curtos períodos.
A preocupação do governo em unir transporte, serviços públicos,
comércio e lazer nas estações encontra resistência entre alguns
urbanistas que defendem a ideia de que obras públicas não devem ser
confundidas com centros de compra.
A cidade mudou desde que o metrô começou a ser construído e o
passageiro também. Tradicionalmente, o metrô aparece em primeiro lugar
nas pesquisas de satisfação dos usuários, entre todos os meios de
transporte. A superlotação do sistema, provocada pela queda na
qualidade dos serviços dos ônibus e pela adoção da integração entre os
modais por meio do Bilhete Único, exige melhoria permanente no
atendimento, assim como velocidade na ampliação da capacidade e
expansão da rede.
A capital tem na sua malha viária sobrecarregada um dos seus
principais problemas. E os próprios urbanistas e especialistas em
transporte público concordam que o metrô é a única alternativa eficaz
para o uso do transporte individual.
Portanto, a Companhia do Metropolitano precisa atrair os paulistanos
para os novos ramais e estações. Quanto mais eficiente e funcional for
o sistema, maior chance de os motoristas se transformarem em
passageiros.
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