'Não estamos preparados para crescer 6% ou 7%', diz Armínio Fraga


Para o ex-presidente do Banco Central, País precisa melhorar a situação fiscal para sustentar um crescimento mais ambicioso

Para o ex-presidente do Banco Central e sócio-fundador da gestora Gávea Investimentos, Armínio Fraga, os mercados financeiros devem enfrentar um longo período de instabilidade alimentado pelas incertezas fiscais que assolam as principais economias 'maduras' do mundo - Europa, Estados Unidos e Japão.
Em entrevista ao site Economia & Negócios, Fraga afirmou que o recente pacote de socorro de 750 bilhões de euros anunciado para conter a crise europeia não garante que o pior para a região já tenha passado. "O paciente não está curado, o que se fez foi comprar tempo." No entanto, ele não acredita numa derrocada do Euro.
Fraga ressaltou que a maioria dos países europeus e o Japão apresentam um quadro "muito preocupante", composto por acentuados déficits públicos e uma situação demográfica desfavorável, com o envelhecimento da população.
Como contraponto à perspectiva negativa que paira sobre potências tradicionais da economia mundial, ele ressalta o fortalecimento dos países emergentes, como a China, Índia e Brasil. No caso brasileiro, no entanto, Fraga alerta que a deterioração da situação fiscal, as deficiências na infraestrutural e no sistema educacional, além da baixa taxa de investimento, podem se transformar gradualmente em entraves sérios para o desenvolvimento do país. "Não estamos preparados para crescer 6%, 7% ao ano, o que seria desejável".
Na entrevista, Fraga não descarta a possibilidade de voltar a ocupar um cargo oficial num futuro governo, embora ressalte que sua prioridade no curto e médio prazo é seu trabalho à frente da Gávea Investimentos.
Ele também não vê com preocupação a falta, até o momento, de clareza nas propostas econômicas dos dois principais pré-candidatos à Presidência, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). "Eles vão gradualmente afinar seus discursos", diz.
Na área de negócios, Fraga vê o setor imobiliário como um dos mais promissores no mercado brasileiro - a Gávea Investimentos acaba de adquirir uma participação de 14,5% da Odebrecht Realizações Imobiliárias.

Fonte: João Caminoto - Estadão.com.br

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