TRADUÇÃO:
Estudioso e cavalheiro
Neste belo artigo da mais prestigiada revista de Vela do mundo,
a Seahorse, órgão oficial do Royal Ocean Racing Club, lida por 10 entre
10 megacampeões do planeta, a simpática Lynn Fitzpatrick reconhece os
(últimos) sucessos do velejador brasileiro de Star e duplo medalhista
olímpico LARS GRAEL. A tradução foi de Manolito Bunge com este escriba
vertendo algumas coisas do portunhol do portenho-ubatubense.
Centos de Staristas e convidados estavam sentados nas mesas de
jantar ao redor da enorme piscina do Iate Clube do Rio de Janeiro. Por
trás do palco, vídeos dos melhores momentos do Campeonato Mundial da
Classe Star 2010 rolavam numa tela gigante enquanto a entrega de
prêmios iniciava. Gastão Brun, Harry Adler, Peter Dirk Siemsen, Bill
Allen, Claude Bonanni e muitos outros que foram e são importantes para
Classe Star no Brasil e no mundo, foram chamados para subir e entregar
troféus.
As vozes e música ecoavam e o barulho quicava entre a piscina e o
toldo. Alan Adler, campeão mundial de 1989, e seu proeiro Guilherme de
Almeida se apresentaram no palco para receber os prêmios da quinta
colocação das mãos do próprio pai, Vice-Comodoro da Classe Star, Harry
Adler. Alan e Guilherme se deslocaram para esquerda, onde ficaram sob
as luzes.
Os quartos colocados foram chamados. Lars Grael e Ronald Seiffert. A
casa caiu.Os aplausos troavam enquanto Lars e Ronie caminhavam entre os
presentes para o palco. Terceiros no Mundial 2009 na Suécia e quartos
nesse Mundial em casa, a melhor media de todas as tripulações
participantes nesses dois campeonatos, provavelmente o mais difícil dos
campeonatos mundiais dos one-design.
A ovação em pé para o time era pela performance na água e pelo homem
que caminha pelas águas, apesar de ter uma perna só. Lars Grael é um
vencedor da vida.
Junto com o irmão Torben seguiram os passos dos tios e ganharam o
Mundial da Classe Snipe. Por serem dos primeiros na historia da Vela a
colar os logos dos patrocinadores em suas velas, foram chamados de
“mercenários”, relata Lars dando risada. Com sete medalhas olímpicas
entre os dois, Lars e Torben deram às suas famílias, seu pais, seus
patrocinadores, à Vela e às suas comunidades, um retorno muito maior do
que poderiam ter imaginado.
Então, treinando à procura de uma terceira medalha, Lars perdeu uma
das pernas e quase a vida quando uma lancha de grande porte “pilotada”
(pois estava em piloto automático) por uma pessoa sob a influência do
álcool passou por cima do seu Tornado, destruindo o barco e deixando-o
na água lutando pela vida.
Mais de uma década já transcorreu desse terrível acidente e, com
força e determinação, Lars tem hoje uma das carreiras náuticas mais
brilhantes novamente encaminhada. Ele é timoneiro ganhador em barcos
grandes. Atrapalhou Robert Scheidt até o final na seletiva para
Olimpíada 2008. Se o vento é fraco, você pode olhar na frente da
flotilha de qualquer campeonato grande que Lars e Ronie estão meia
perna à frente de todo mundo. A coragem de não seguir o rebanho é um
traço que compartilha com Torben…
Após a terceira colocação no Mundial 2008, Lars e Ronie voltaram ao
Brasil para mostrar que são uma força a ter em conta quando ganharam a
Warm-Up do mundial, a Taça Royal Thames 2010. A força de caráter de
Lars ficou demonstrada quando após um 35º na primeira regata do
Mundial, foi melhorando o desempenho em escala progressiva, fazendo
15º, 12º, 10º, 2º e 5º, e assim fechando quase que com chave de ouro.
Se for tomado em consideração que no campeonato rolou vento fraco e
rondado, correntezas, ondas acima do normal, alem de uma concorrência
duríssima, essa dupla cada dia velejou melhor. Após um Mundial longo e
complicado, eles ficaram acima de tripulações com muito maior
capacidade física, treinamento e com ranking olímpico superior.
A equipe seguinte chamada ao pódio foi a de Torben e Marcelo (cinco
Medalhas Olímpicas, Mundiais, Velejador do Ano da ISAF, ganhador da
Volvo, e muito importante: irmão do Lars). Não tem como ficar melhor do
que isso!
Na frente dos irmãos Grael, os dois degraus superiores foram
ocupados pelos favoritos antes de iniciar-se o campeonato, Marazzi e De
Maria da Suíça, e os campeões, Iain Percy e Andrew Simpson. Se a gente
olha para eles, da para ver que quando não estão velejando, com certeza
estão na academia. Fisicamente os rivais mais duros.
Lars Grael – educado, homem de estado, homem de família, filantropo,
cavalheiro, velejador campeão, a pessoa mais considerada que você pode
cruzar. Um exemplo para todos. O merecedor de uma ovação em pé.
Nota do tradutor: artigo extraído da Revista SEAHORSE de Maio
2010. Acompanha a reportagem uma foto do Lars e Ronie velejando de Star
no Mundial 2010.
Fonte: http://murillonovaes.wordpress.com/
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