Avanço da internet condiciona campanha de presidenciáveis


Estratégias para captar votos na rede já estão a pleno vapor.
Pré-candidatos se tornam "tuiteiros" e apostam em mídias sociais.


Em plena expansão no Brasil, a internet promete ser uma ferramenta fundamental nas campanhas eleitorais deste ano no país.

Atentos ao potencial de instrumentos como mídias sociais e softwares para arrecadação online, os principais pré-candidatos à Presidência já articulam estratégias para fisgar o eleitor na rede.

E não são poucos votos. Se em 1998 o índice de brasileiros com acesso à internet era inferior a 3% do total de eleitores, hoje há 67,5 milhões de brasileiros de 16 anos ou mais (35% da população) com acesso à rede em qualquer ambiente, como casa e trabalho, segundo pesquisa do Ibope Nielsen Online.

Outros números acendem o radar das campanhas. Do total de usuários, 31,7 milhões costumam navegar por redes sociais (como Twitter e Facebook), blogs e outros sites de relacionamento.

O uso eleitoral da internet ganhou relevância com a eleição de Barack Obama nos EUA, em 2008. Ferramentas como o my.barackobama.com ajudaram a organizar eventos reais e revolucionaram a captação de recursos para a campanha, que atingiu US$ 500 milhões, com 3,2 milhões de doadores.

Tendência que não passou despercebida pelo mundo político. Até então novatos na chamada Web 2.0, por exemplo, os principais pré-candidatos à Presidência se tornaram em pouco tempo “tuiteiros” (usuários do Twitter), adaptando seus discursos ao universo de 140 caracteres do microblog.

PSDB e Serra
“Como vocês dizem, chegando da balada...rs” escreveu no Twitter José Serra, pré-candidato do PSDB, em 28 de abril. Há pouco mais de um ano no microblog, o tucano reúne 238 mil seguidores no site em que comprova a fama de notívago _publicou a mensagem acima, por exemplo, às 4h12 da madrugada.

De olho no número de eleitores conectados – desde seguidores históricos do PSDB até jovens que acabam de tirar o título - a pré-campanha de Serra investe em engajamento na internet. A ideia é fornecer informação, fomentar discussões e formar “embaixadores” da campanha.

À frente de um “núcleo duro” com cerca de dez pessoas em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, o publicitário Sérgio Caruso, 41 anos, diz que o principal objetivo é “gerar conversas”. “A internet é mais simples do que as pessoas costumam imaginar”, diz.

Site da pré-campanha do PSDB  
Site da pré-campanha tucana"Mobiliza PSDB" (Foto: Reprodução)

O principal site mantido pela pré-campanha é o “Mobiliza PSDB”. A página ensina o bê-á-bá da rede para o militante ou simpatizante tucano. Há dicas para o Twitter, blogs, Orkut e Facebook, para divulgar vídeos pelo YouTube e até informações para melhorar o resultado em buscas no Google.

O "Mobiliza PSDB" tem “filhotes” como o “Rede Mobiliza”, que oferece transmissão ao vivo de eventos, programas sobre mobilização e interação com internautas. Apresentadores acompanham eventos ao vivo e conversam com os internautas do estúdio e via redes sociais.

Todos os contatos são medidos, de comentários dos internautas ao número de interações. O resultado, diz Caruso, é pura informação qualitativa. “Algumas ferramentas da internet são enquetes ao vivo. Com uma boa leitura, é possível saber o que está interessando e o que vai bombar.”

Outro site criado pela pré-campanha é o “Brasil de Verdade”, no ar desde abril. Sob a ótica do partido e de governos tucanos, reúne dados sobre temas como Bolsa-Família, educação e infraestrutura.

Há textos que comparam dados dos governos FHC e Lula em tópicos como energia elétrica, coleta de lixo e acesso à internet. Outros criticam programas do governo do PT, como um que diz que “o PAC empacou”.

Também na linha “verdades e mentiras”, a pré-campanha conta com a página “Gente que Mente”, criada pelo PSDB. Polêmico, o site foi alvo de representação do PT, mas o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) julgou imporcedente a acusação de propaganda eleitoral negativa. 

“Não é um site que diz ‘você não presta, você é feio, você é gordo’. Ele diz ‘nós não aceitamos essa mentira’, diz Caruso.

Fonte: Thiago Guimarães, Maria Angélica Oliveira e Marília Juste - G1

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