De volta do exterior, Aécio Neves volta a sofrer assédio para ser vice na chapa de Serra
Foto: Milton Michida / Governo do Estado de São Paulo
Em
Minas Gerais, em ano eleitoral, é sabido que "decisão política só se
toma depois que passa a procissão do Senhor morto". A máxima foi
perpetuada pelo precavido Tancredo Neves, que tinha a Semana Santa como
prazo confortável para o início das costuras políticas decisivas. Pois
a procissão do Senhor Morto, na Sexta-feira da Paixão, passou há 51
dias e muitas decisões ainda estão por ser tomadas no Estado. Analistas
do quadro sucessório entendem que a volta do neto de Tancredo, o
ex-governador Aécio Neves (PSDB), a Minas, irá acelerar as negociações
para a disputa ao Governo do Estado e também para a corrida ao Palácio
do Planalto.
Aécio volta da viagem que fez ao exterior sob forte pressão
para que aceite a vaga de vice na chapa presidencial do tucano José
Serra. A última investida aconteceu na sexta-feira, 21, quando o PPS do
deputado Roberto Freire voltou a defender que o seu nome é o ideal para
fortalecer a chapa tucana. Em Minas, aecistas de plantão se apressam em
dizer que esta possibilidade é praticamente nula. "Se ele aceitar essa
posição, e abrir mão da disputa ao Senado, que é barbada, não é o mesmo
Aécio que eu conheço", disse uma liderança mineira esta semana.
Mesmo fora das mesas de negociações, de Paris, o ex-governador tucano
mandou recados a seus interlocutores: sou candidato ao Senado. Os que
ficaram trabalhando durante as férias do tucano, trataram de passar o
recado. Fiel escudeiro de seu criador político, o governador de Minas,
Antonio Anastasia, foi um que tentou tirar as especulações de campo.
"Ele reitera a mim, da maneira categórica, que sua candidatura é ao
Senado. Eu acho que ele já deixou isso bem claro", alardeou nos últimos
dias.
Novos prazos
De São Paulo e de Brasília, no entanto, o
PSDB dá sinais de que ainda tem esperanças no "sim" do mineiro. O
partido adiou a decisão sobre o vice de Serra para o final de junho,
deixando dentro da agenda eleitoral uma margem de manobra para negociar
a posição. Após as últimas pesquisas, que mostram o crescimento da
candidatura da petista Dilma Rousseff, o ninho tucano se agitou e os
seus integrantes voltaram a abraçar esta tese.
Fato é que está em jogo para o político mineiro decidir entre a escolha
que melhor lhe agrada - a disputa ao Senado - e aquela que agrada ao
projeto nacional do PSDB. Muitos em Minas apostam que Aécio não tem por
que abrir mão da sua meta em nome do partido que não lhe deu a chance
de disputar a presidência. Mesmo assim, sem mágoas, pagaria a
fidelidade que diz manter à sua sigla de forma mais branda: subindo no
palanque de Serra de forma incisiva. E pararia por aí.
Viagem marcada
Apesar dos ritos lentos em Minas e de nem
mesmo o elástico calendário eleitoral de Tancredo ter sido seguido,
tucanos acham que a entrada em cena de Aécio redistribui algumas
cartas. "Ele será um peso decisivo aqui na nossa campanha eleitoral no
segundo semestre", admitiu Anastasia, que ainda patina nos 17% nas
pesquisas eleitorais e sabe que a presença do ex-governador dará fôlego
extra à sua candidatura. Aécio também será decisivo na escolha do vice
na chapa de Anastasia.
Independente da decisão pela vice ou o Senado, o PSDB mineiro já
acertou uma viagem de Aécio e Serra ao interior de Minas ainda no mês
de maio. Datas não foram fechadas, mas a promessa é de que a
pré-campanha ganhe tons mais fortes nos próximos dias.
Os tucanos sonham que o barco navegue antes que esteja cravado na
agenda o novo feriado santo. Afinal, acham que o Corpus Christi, no dia
3 de junho, está muito longe. De mais a mais, já terão se passado dois
meses da procissão do Senhor Morto.
Fonte: Juliana Prado - Terramagazine
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