Ajuda de Alckmin será "decisiva", diz Aloysio


Em entrevista ao iG, pré-candidato tucano ao Senado também defende legalização do aborto e casamento gay

 

O pré-candidato do PSDB ao Senado, Aloysio Nunes Ferreira

 


Foto: Adriana Elias/iG

Com 6% das intenções de voto na última pesquisa Datafolha, o pré-candidato do PSDB ao Senado, Aloysio Nunes Ferreira, diz apostar no alto índice de aprovação do colega de partido e pré-candidato tucano ao governo paulista, Geraldo Alckmin, para eleger-se senador. Na entrevista que concedeu ao iG em seu escritório de campanha, no centro da capital paulista, Aloysio afirma que a tendência é o eleitor votar no candidato ao Senado identificado com uma determinada corrente política.
O PSDB governa São Paulo há 16 anos. A hegemonia tucana, no entanto, não foi suficiente para conquistar uma cadeira no Senado. O último senador da legenda eleito pelo Estado foi o pré-candidato à Presidência José Serra, em 1994. Aloysio aparece na pesquisa atrás de Marta Suplicy (PT), Romeu Tuma (PTB), Orestes Quércia (PMDB), Netinho de Paula (PCdoB), Soninha (PPS) e Gabriel Chalita (PSB).
Dizendo possuir uma história política de mais de 40 anos, Aloysio, secretário da Casa Civil na gestão de Serra, disputou internamente com Alckmin a indicação para concorrer ao governo paulista. Mencionando mais de uma vez a ex-ministra Marta Suplicy, sua rival na disputa, ele explica por que é a favor da descriminação do aborto e da união civil de pessoas do mesmo sexo, mas contra a eutanásia. "Quando se trata de legislar, eu sou fiel aos princípios republicanos. Eu prego a laicidade do Estado."

iG - Como os altos índices de aprovação de Geraldo Alckmin poderão ajudar na sua campanha ao Senado?
Aloysio Nunes - É uma ajuda decisiva porque a tendência do eleitor é votar no senador que ele identifica com uma corrente política. Não é um cargo isolado, não tem um frenesi. A atenção se volta à escolha do candidato à presidente e governador. O senador terá tanto mais chances de sucesso quanto maior for a identificação com essa corrente. Por outro lado eu posso também contribuir para engrossar essa corrente. Eu sou um político de longa militância, tenho uma rede de contatos políticos muito ampla em todo Estado de São Paulo, inclusive que transcende a coligação majoritária. Posso contribuir para a vitória do Serra e do Alckmin, agregando esses apoios à campanha majoritária.

iG - Em São Paulo, o PSDB não elege um senador desde 1994, mas está no governo há 16 anos. Isso contraria a tendência que o senhor apontou? Como se explica isso?
AN - Na última eleição, nós fizemos uma aliança, não lançamos um candidato ao Senado. Sinceramente, não tem explicação. Acho que o Guilherme Afif (DEM) teria sido eleito se houvesse, por parte da maioria dos agentes políticos, convicção de que era possível ganhar a eleição. E de que o Eduardo Suplicy (PT), contrariamente ao que pensam, é ruim de voto. Ele poderia ter ganhado a eleição se nós tivéssemos agregado as estruturas políticas dos partidos. Isso está sendo feito agora. E outra razão muito prosaica. O número dele não era 45, era 22. Muita gente queria votar no senador do 45, mas o nosso era 22. Se ele tivesse concorrido com o 45, ele teria sido eleito.

iG - O que no seu currículo político mais te credencia para ser senador?
AN - Eu tenho uma história que começa há mais de 40 anos com a militância contra a ditadura no movimento estudantil e uma vasta experiência legislativa com cinco mandatos. Um conhecimento da máquina do governo federal por ter sido ministro de Fernando Henrique durante três anos. Fui secretário do município de São Paulo e do Estado, na Casa Civil, com Serra, o que me propiciou um conhecimento muito íntimo do interior, das regiões metropolitanas com suas peculiaridades, necessidades regionais. Essa experiência me permite conhecer os problemas e as pessoas que estão envolvidas nas soluções. E, ao mesmo tempo, os caminhos para resolvê-los, seja do ponto de vista legislativo, seja do ponto de vista administrativo.

iG - O senhor acredita que Serra, se eleito, fará reformas estruturantes ou vai apostar nas emendas constitucionais, como fez Fernando Henrique?
AN - As reformas precisam de emenda constitucional. Para alteração da estrutura tributária, necessariamente precisa fazer emenda constitucional. Da mesma forma para fazer alteração na estrutura política. Algumas mudanças importantes, como a adoção do voto distrital proporcional, exigem mudança constitucional. Mas há muito tempo que não se faz reformas. O governo atual não apresentou nenhuma. Não tem uma agenda, como teve Fernando Henrique e como tivemos em São Paulo, na prefeitura e no governo. As reformas foram feitas no primeiro mandato de Fernando Henrique, com o plano real, e no segundo com a lei de responsabilidade fiscal. O atual governo não fez rigorosamente nada. Empurrou os problemas com a barriga.

iG - O ministro Peluso, ao assumir o STF, anteviu alguns temas controversos na pauta. Qual é a AN  - O aborto não pode ser considerado crime. Essa é uma das convergências que eu tenho com a Marta Suplicy. É um problema social, grave. Milhões de mulheres são levadas a fazer aborto por várias razões nas condições mais precárias de saúde. É a quarta causa de mortalidade materna. É um morticínio de mulheres, especialmente de mulheres pobres. O aborto não pode ser um método anticoncepcional. Conheço mulheres que fizeram aborto e para elas foi um enorme sofrimento, que deixa marcas. É preciso ter difusão de métodos anticoncepcionais. Mas botar uma mulher na cadeia por ter feito aborto eu acho uma crueldade, uma desumanidade, com todo respeito às orientações religiosas, que servem às pessoas que têm orientação religiosa. A lei tem que valer para todos, é universal. A esfera pública, legal, não pode se confundir com a esfera religiosa.

iG - O senhor é a favor da legalização da eutanásia?
AN - Eu sou contra a exacerbação terapêutica sem sentido, isto é, submeter um ser humano a métodos terapêuticos sem nenhuma perspectiva de cura. Eu não quis que meus pais fossem para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para prolongar por 40, 45 dias a vida deles em condições artificiais. Nem eles quiseram. Meu pai pôde me falar isso claramente. Prolongar a vida por métodos artificiais desumanos, aviltantes, que afetam a dignidade da pessoa, eu sou contra. Agora, sou contra provocar a morte.

iG - E o casamento gay?
AN - Sou a favor. Toda forma de amor vale a pena. E suas consequências jurídicas existem. Uma união entre pessoas do mesmo sexo tem conseqüências no plano civil. Eu votei a favor do projeto da então deputada Marta Suplicy. Ninguém é obrigado a se casar. Mas se duas pessoas estão unidas e querem que essa união tenha consequências jurídicas, não tem porque recusar.Essas questões têm uma dimensão ética, moral, religiosa que é muito pessoal. O Estado não pode impor uma visão que é própria de uma determinada filosofia ou ideologia ao conjunto da sociedade. Sem liberdade religiosa você não tem democracia. A esfera da lei tem que ser absolutamente distinta da esfera individual, religiosa, de questões de consciência. A religião transcende a esfera individual, tem uma função pedagógica, transmite valores positivos. Nunca vi uma religião pregar morte, discriminação, violência. Mas quando se trata de legislar, eu sou fiel aos princípios republicanos. Eu prego a laicidade do Estado.

Fonte: Nara Alves - iG 

Comentários

  1. Gabriel Vilardi31/5/10 21:10

    O próximo Senador do PSDB-SP!!!
    Vamos trabalhar com afinco para elegê-lo.

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