Técnicos do PSDB fazem auditoria na sede do Sensus

Advogados questionam os métodos e, especificamente, a troca de nomes do contratante

Técnicos ligados ao PSDB começaram nesta sexta-feira, 16, uma auditoria interna na sede do Sensus, em Belo Horizonte, para averiguar o critério adotado na última pesquisa de intenção de voto do instituto que apontou empate técnico entre os pré-candidatos José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT).
O Sensus liberou os dados para serem analisados por técnicos do partido no final da tarde. O PSDB, no entanto, chegou a ameaçar chamar a Polícia Federal para conseguir lançar os dados em um laptop levado para a auditoria. No decorrer do dia, enviou três notificações alegando que não estava sendo cumprida a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que autorizou a fiscalização com base no artigo 13 da resolução 23.190.
Os advogados questionam os métodos e, especificamente, a troca de nomes do contratante - após registrar a pesquisa no TSE o instituto alterou o nome do sindicato que a contratou. O Sensus alega que a mudança no nome tratou-se de uma correção.
O técnico contratado pelo PSDB para averiguar os documentos esperou cerca de sete horas para ter acesso aos dados na sede da empresa. O advogado do instituto, João Batista de Oliveira, afirmou que a demora foi em razão do cuidado que o instituto teve de tomar para proteger informações como o nome do entrevistado, cuja divulgação é proibida. "Não há problema algum. Abrimos para todos que quiserem", declarou.
De posse da autorização do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que havia autorizado a legenda tucana a vasculhar ao sistema interno de controle e verificar os questionários da pesquisa, com base no artigo 13 da Resolução 23.190, o cientista social Fabrizio Martins Tavoni chegou à porta da sede do Sensus por volta das 8h40.
Acompanhado de um digitador, ele chegou a se reunir pela manhã com o diretor do instituto, Ricardo Guedes, que exigiu ser notificado oficialmente pelo TSE e só depois marcou o início da conferência para as 16h. Nesse intervalo, Guedes anunciou que estaria liberando o acesso da imprensa e que havia convidado os representantes dos quatro partidos que possuem pré-candidatos à Presidência: PT, PSDB, PV e PSB. Justificou a atitude alegando preocupação com a "responsabilidade social" do instituto, "sua ética e qualidade técnica".
Porém, somente petistas compareceram. Enquanto o cientista social recebia as pilhas de questionários, sentaram-se em volta dele o presidente do PT mineiro, deputado federal Reginaldo Lopes, o também deputado federal Miguel Correia Júnior (MG) e o vereador Arnaldo Godoy, além de assessores.
Tavoni disse que aquela era a sua primeira experiência de averiguação conforme os termos do artigo 13 da resolução e demonstrou surpresa com a situação. "Na verdade, me falaram que seria algo tranquilo", observou, sem conseguir esconder o nervosismo.
Guedes, que antes havia apresentado textos e dados sobre a Sensus em um projetor, disse que a "casa" estava aberta para o trabalho do cientista social. O diretor do instituto não permitiu que o técnico fizesse cópias autenticadas dos questionários para que fossem levados e analisados em outro local. Um dos advogados do Sensus disse que a pesquisa deveria ser feita na empresa. "Se você quiser passar o fim de semana aqui, estamos à disposição", afirmou Guedes.
O vereador do PT questionou o que teria incomodado o PSDB para que o partido tomasse a iniciativa de recorrer ao TSE. "Eu, particularmente, entendo de pesquisas, não entendo de política", desconversou Guedes, evitando declarações polêmicas. "Isso é normal. Ele não está auditando. Ele está aqui na qualidade de verificar o sistema nos termos da lei".
Na saída, o presidente do PT-MG classificou como um "absurdo" a iniciativa do PSDB e disse que irá discutir com a Executiva Nacional a "abertura" dos dados da última pesquisa do Datafolha, na qual Serra aparece com nove pontos porcentuais à frente de Dilma.
O PSDB de Minas, por meio de sua assessoria, informou que não havia recebido nenhum convite formal do Sensus. O presidente do partido no Estado, deputado federal Nárcio Rodrigues, não foi localizado. 

Fonte: Julia Duailibi, Daniel Bramatti e Eduardo Kattah - O Estado de S.Paulo

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