Os desafios do futuro


Roberto Freire

No governo Itamar Franco, foi conquistada a fundamental estabilidade da moeda, com o surgimento do real. O avanço mostrou-se fundamental para a possibilidade de um planejamento de longo prazo e a implantação de uma política de investimento capaz de ampliar nossa indústria e fomentar o desenvolvimento tecnológico.

Este avanço é elemento essencial da nova economia, que desde então apresentava os contornos de radicais mudanças na matriz energética calcada no carbono.
No Brasil de 2010, contemporâneo do futuro, impõe-se a implantação de reformas democráticas do Estado, adequando-o às necessidades dos desafios do presente, de um lado; e, de outro, repensar as bases do desenvolvimento, assentando investimentos em formas renováveis de energia e ampliando a capacidade de modernização tecnológica - enfrentando de forma decidida nossa precária infraestrutura física e humana.
Claro está que não será possível acompanharmos o amplo e complexo processo de globalização se não formos capazes de vencer o desafio de montar uma nova estrutura tributária, beneficiando os investimentos produtivos e, nesses, prioritariamente os que significarão modernização tecnológica.
Da mesma forma, ficaremos na periferia da globalização se não houver um amplo investimento em nosso sucateado sistema de educação pública para ampliar os horizontes de nossa juventude.
Tais investimentos devem fazer parte de um processo articulado, que envolva as diversas regiões, cuja realidade de profunda defasagem, não tendo sido não enfrentada, acabou por cristalizar-se numa dura situação de inserção diferenciada no processo de desenvolvimento nacional. As regiões Norte e Nordeste amargam a pobreza crescente e estrutural.
O padrão de desenvolvimento econômico, para atingir todos os recantos do país, precisará ser redimensionando, não apenas em função da nova realidade, fruto da globalização e da incessante modernização tecnológica, mas, sobretudo, por causa de um novo desenho institucional de nossa estrutura jurídico-política, com uma necessária reforma política que dote o sistema representativo de partidos fortes e transparentes.
Além disso, carecemos de mudança em nossa estrutura trabalhista e sindical, que amplie nossa capacidade competitiva e insira os trabalhadores na partilha dos ganhos reais de nosso crescimento econômico.
Temos que superar o fato de convivermos com investimentos governamentais, em relação ao PIB, os mais baixos do mundo em desenvolvimento. Tal realidade compromete nossa capacidade produtiva e competitiva, com implicações negativas nas exportações, agravando condições macroeconômicas e sociais.
Nosso desafio para os anos vindouros é não apenas superarmos os gargalos históricos, mas adequar o país a uma nova realidade mundial, marcada por uma competitividade cada vez mais intensa.
Para tanto precisamos de um Estado ativo, eficiente na prestação de serviços específicos, e capaz de modernizar-se, ampliando os espaços da cidadania na elaboração dos próprios objetivos e na transparência de gestão.

Roberto Freire é Presidente Naciona do PPS

Fonte: Brasil Econômico

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