José Serra é o mais citado na internet


Os presidenciáveis e o Google

Há correspondência entre a presença dos candidatos a presidente na web e sua intenção de voto. Quanto mais aparecem, mais bem colocados nas pesquisas. Difícil apenas saber o que é o ovo e o que é a galinha: se é a preferência eleitoral que precede a fama internética ou vice-versa. Muito provavelmente é um ciclo virtuoso. Maior intenção de voto abre mais espaço digital, torna o candidato mais famoso, aumenta o seu grau de conhecimento pelo eleitorado e o seu potencial de voto.
Abaixo, estão os gráficos de evolução das citações dos quatro principais candidatos a presidente do Brasil nos últimos oito anos na web, segundo o Google. Em vermelho, o número de citações acumuladas no período. Estão incluídos todos os tipos de websites, de blogs ao noticiário.

Jose Serra 2010-04-03

Percebe-se que o líder das pesquisas até agora, José Serra (PSDB), é também o mais citado na internet, segundo o Google. Os links com seu nome se concentram nos anos em que disputou eleições: 2002 (para presidente), 2004 (prefeito), 2006 (governador). Depois de eleito para governar São Paulo (tornando-se assim um possível candidato a presidente), Serra aumentou bastante seu espaço na web, independentemente das disputas eleitorais. Somou nesses oito anos 53 mil citações.

Dilma Rousseff 2010-04-03

Entre 2002 e 2010, Dilma Rousseff (PT) passou de anônima digital a “hit” na web. Sua popularidade digital tem picos que coincidem com sua nomeação para o Ministério das Minas e Energia no primeiro governo Lula (começo de 2003), com sua “promoção” a ministra-chefe da Casa Civil (2005) e com as indicações crescentes dadas pelo presidente, a partir de 2007, de que ela seria sua candidata à sucessão em 2010. Acumulou 47 mil citaçõesnesse período, segundo o Google.

Ciro Gomes 2010-04-03

Ciro Gomes (PPS) depende das eleições majoritárias para se projetar na web. Seus picos de popularidade digital ocorreram em campanhas à Presidência. A primeira, em 2002, quando disputou com Serra e Lula, chegou a ficar em segundo lugar nas pesquisas, mas acabou caindo na preferência do eleitorado e no Google. Desde o ano passado, quando se lançou na corrida presidencial, teve uma nova escalada na web. Desde 2002, acumulou 15 mil citações.

2010

Os picos de popularidade de Marina Silva (PV) na web estão relacionados, para o bem e para o mal, ao governo Lula. O primeiro foi no começo de 2003, quando ela foi nomeada ministra do Meio Ambiente e tornou-se uma das estrelas da nova administração. O segundo topo, e o mais alto deles, foi em meados de 2008, quando deixou o governo em meio a um processo de fritura política e se tornou notícia negativa para o presidente. Desde setembro de 2009, quando sua pré-candidatura à sucessão de Lula tomou corpo, Marina virou “tendência” na internet, acumulando 15 mil citações em 8 anos.
Se dermos um “zoom” nos gráficos do Google, veremos que, para alguns candidatos, a maioria das citações ocorreu a partir de 2009. Até certo ponto, isso reflete o aumento do conteúdo online em geral, mas para presidenciáveis como Dilma Rousseff o crescimento das citações foi muito além da média. No caso da petista, a curva de aparições na web coincide com o seu crescimento de pouco mais de 10% para cerca de 30% nas pesquisas de intenção de voto, como se pode constatar abaixo.

Dilma 2010-04-03 at 13.03.43
Serra 2010-04-03 at 13.04.19
Marina 2010-04-03 at 13.03.07
Ciro 2010-04-03 at 13.02.18

Considerando-se apenas os últimos 15 meses, Dilma ultrapassou Serra em citações na web. Segundo o Google, foram 32 mil, contra 27 mil do rival. A ex-ministra teve mais menções ao seu nome nesse período recente do que nos sete anos anteriores somados. A candidata faz mais sucesso do que a ministra. Ela não é a única que se beneficia da campanha eleitoral para aumentar sua popularidade. Os quatro principais presidenciáveis experimentam picos de citações na web.
PS: Só foram levados em conta os nomes completos dos candidatos: “Jose Serra”, “Dilma Rousseff”, “Ciro Gomes” e “Marina Silva”. Não é possível analisar apenas “Serra” ou “Dilma”, porque aí a contagem seria espúria, incluindo menções que nada têm a ver com os presidenciáveis.
Foram levadas em conta todos os tipos de citações: favoráveis ou desfavoráveis, críticas ou elogiosas e por aí vai. Ser mais ou menos citado não significa ser mais bem ou mais mal visto. Significa apenas que foi mais citado, tem maior presença, é mais assunto. Sem juízo de valor.

Fonte: Jose Roberto de Toledo - Estadao.com.br

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