Dirceu percorre Estados em busca de palanque para Dilma



Para colocar a candidatura à Presidência de pé, a ex-ministra Dilma Rousseff conta desde o ano passado com uma equipe escolhida a dedo pelo presidente Lula. O ex-ministro Antonio Palocci, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o presidente do PT, José Eduardo Dutra, foram escalados para compor o núcleo duro da campanha petista. Mas, informalmente, há um quarto elemento.




Nos bastidores, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu é um dos principais responsáveis pelas articulações de alianças nos Estados para o projeto nacional petista. Dirceu confirmou visitas a mais de 20 Estados. Só no ano passado, ele passou por 13 regiões. Na semana passada, o ex-ministro esteve em Palmas, no Tocantins e na Paraíba, onde se reuniu com o governador José Maranhão (PMDB).  Após conversa de quatro horas, garantiu apoio do PT ao candidato. No entanto, não descartou apoio de outro pré-candidato, Ricardo Coutinho (PSB), a Dilma.

Segundo sua assessoria, “o grande papel dele foi fazer a pré-costura com aliados. Consolidar o nome da ex-ministra, mas sem chancelar acordos. Dirceu preparou o terreno para os palanques nos Estados se firmarem neste ano”. A assessoria de Dirceu sublinha que as suas principais movimentações foram feitas no ano passado, quando a equipe da campanha de Dilma ainda ganhava corpo.

Foi no congresso do PT, que homologou a candidatura de Dilma, que Dirceu ganhou uma espécie de “mandato partidário” ao assumir uma vaga na direção nacional. Para o PT, ele conta com uma vantagem em relação aos demais, incluindo a própria Dilma. O ex-ministro conhece como ninguém a máquina partidária. Apesar de ter sido cassado sob acusação de envolvimento no escândalo do Mensalão, Dirceu continua com trânsito livre entre os petistas e é convidado por lideranças do artido, nas viagens, a participar de debates sobre eleições.
“Ele é membro do diretório e tem falado com dirigentes pelo país sobre alianças. Não é um pedido formal da coordenação da campanha, mas ele tem mantido contato constante comigo para fala para onde viaja", disse Dutra ao iG.
Mas, no comando da campanha, há quem torça o nariz para os passos do ex-ministro. Organizadores da campanha dizem que Dirceu alega ter sido enviado pelo presidente Lula aos Estados. Chegam a dizer que Dirceu age por “conta e risco”, como forma de mostrar influência na campanha de Dilma. No entanto, não recusam as investidas informais do ex-ministro, que também consolidou apoio para a campanha de Lula em 2002. Dirceu não confirma nem nega que tenha sido procurado pelo presidente para fazer as articulações.

Pé na estrada
O ex-ministro esteve nas regiões onde o PT e o PMDB querem lançar candidaturas próprias. Em Minas, por exemplo, conversou com os ex-ministros Hélio Costa e Patrus Ananias, que brigam para sair candidato. Nesta semana, Dilma fez um apelo para que o palanque no segundo maior colégio eleitoral do País fosse único. Mas a situação no Estado ainda está pendente.
No final de março, foi ao Acre, onde se reuniu com o ex -governador Jorge Viana, o senador Tião Viana, o governador Binho Marques e o prefeito de Rio Branco, Raimundo Angelim. Sairão candidatos Jorge para o Senado e Tião para governador no Estado.  Dirceu comemorou o forte palanque para a candidata petista, já que “é alta a aprovação popular aos governos do PT no Estado”. "Dirceu foi linchado na época do escândalo e sobrou para ele o papel de militante do partido. É um grande companheiro", afirmou Jorge Viana.
Em fevereiro, foi a Belém, numa tentativa de salvar a aliança eleitoral PT-PMDB no Estado. Dirceu conversou com o deputado Jader Barbalho (PMDB) e tentou colocar alguma ordem na disputa interna dos petistas paraenses. À frente nas pesquisas de opinião para o governo do Estado, Jader aceita fazer um acordo eleitoral com o PT, a exemplo do que fez em 2006, mas alega que a governadora Ana Júlia Carepa não é confiável no trato político.
Outros Estados visitados por Dirceu foram lugares onde PT e PMDB estarão juntos.  Os partidos devem apoiar a reeleição do governador Cid Gomes (PSB), no Ceará,  do ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), em Alagoas e no Piuaí, onde os dois partidos apoiarão um candidato a governador do PT ou do PSB. Em Sergipe, o PMDB deve apoiar a reeleição do atual governador petista, Marcelo Déda.
Em São Paulo, PT e PMDB estão em campos opostos. O partido de Michel Temer, liderado por Orestes Quércia no Estado, está com o ex-governador tucano José Serra. O PT lançará o senador Aloizio Mercadante para a vaga. O partido diz que ainda estuda a composição de alianças para o senador. Para Dirceu, no entanto, o quadro já está fechado: o PCdoB indicará o outro candidato ao Senado e o PDT o vice-governador.

Fonte: Andréia Sadi - iG Brasília

Comentários