Abordado por "CQC", Serra nega que irá pipocar da disputa à Presidência

Gabriela Guerreiro
Márcio Falcão

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), sinalizou nesta quarta-feira que pretende disputar a Presidência da República nas eleições de outubro. Ao ser abordado no Congresso por integrantes do programa humorístico CQC, da TV Bandeirantes, Serra foi questionado se iria "pipocar" (desistir) da sucessão presidencial.
"Não, vou comer a pipoca", respondeu o governador. Em seguida, Serra pegou parte da pipoca nas mãos da humorista do programa e entrou no carro para deixar a sede do Legislativo.
Serra participou, em Brasília, de cerimônia em homenagem ao centenário do nascimento do presidente Tancredo Neves, morto em 1985. Ao longo do evento, o governador evitou comentar a possibilidade de disputar o Palácio do Planalto. "Eu vim hoje aqui participar de uma homenagem ao nosso grande Tancredo Neves. Questão de eleição, a gente trata em um outro momento", afirmou.
Apesar de o PSDB dar como certa a pré-candidatura do governador, Serra ainda não anunciou que lançará seu nome na corrida presidencial. Com a decisão do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), de abrir mão da sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto, Serra se tornou a opção do partido para as eleições de outubro.
Mesmo mantendo a candidatura como mistério, Serra fez críticas ao PT durante a cerimônia em homenagem a Tancredo. O governador afirmou que o partido se tornou um dos principais beneficiários de políticas adotadas por governos passados --especialmente o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
"O PT acabou por ser, por paradoxal que pareça, um dos principais beneficiários da eleição do primeiro presidente civil e das conquistas sociais e culturais da Constituição e soube, posteriormente, colher bons frutos de mudanças institucionais e práticas, como o Plano Real, o Proer [extinto programa de estímulo ao sistema financeiro nacional] e da Lei de Responsabilidade Fiscal", afirmou.
Ao deixar o Congresso, Serra disse que fez no discurso uma reconstituição da Nova República no Brasil. "Expressei minha visão a respeito da importância que [Tancredo] teve na história do Brasil como principal fundador da Nova República. Mostrei também o significado que essa Nova República, essa fase do governo brasileiro, tem a respeito do momento atual", afirmou.
Durante o discurso, o governador disse que a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 foi uma das alternâncias de poder "mais contrastantes" --embora o partido tenha sido encarado como uma "força desestabilizadora de comportamento radical e deliberadamente à margem da política nacional".
Serra disse que os futuros governantes do país devem "assumir com humildade e coragem" a herança dos 25 anos de democracia no país, "não para negar o passado, mas para superá-lo, a fim de fazer mais e melhor". 

Fonte: Folha Online

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