Vera Magalhães - Folha.com
Não foi pequeno o papel do ex-presidente municipal do PT na campanha. Não só aproximou o candidato do partido como "apresentou" a ele as especificidades da política paulistana, na qual Haddad era calouro.
Teve papel central na montagem do governo, fator, aliás, que contribuiu para o seu desgaste, já que coube a ele apresentar a secretários igualmente neófitos em gestão pública, como Marcos Cruz (Finanças), pessoas para cargos de confiança.
Haddad estava disposto a bancar Donato quando começaram a aparecer os primeiros indícios de ligação entre ele e a máfia dos auditores fiscais, descoberta da Controladoria Geral do Município na qual o prefeito imaginou que surfaria, mas em cuja onda acabou também arrastado.
Ontem, quando o secretário de Governo anunciou sua decisão de deixar o cargo para apresentar sua defesa da Câmara, Haddad não foi enfático em tentar dissuadi-lo.
Aliados próximos ao prefeito lembram que esse tem sido seu estilo desde que denúncias sobre o Enem, em sua gestão no Ministério da Educação, também derrubaram auxiliares próximos.
Justamente por isso, os haddadistas mais fieis --que não são os políticos petistas, é importante frisar-- não acreditam que o prefeito vá colocar panos quentes nas implicações políticas da investigação sobre a gestão de seu antecessor, Gilberto Kassab, aliado prioritário para a reeleição de Dilma Rousseff.
Quando falou que embaraços políticos não suplantam o ganho ético da apuração, o prefeito não estava blefando, para perplexidade do PT.
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