
Avisa que participará de protestos, à exceção daqueles cujo alvo for o
governo de Dilma Rousseff, e liderará uma campanha pela reforma
política, com Constituinte exclusiva se preciso for.
Anuncia-se como arauto da liberdade de imprensa; proclama que lutará
pelo povo pobre mundo afora e que fará política em tempo integral a
partir de seu instituto com sede em São Paulo e sucursais a serem
montadas em outros Estados.
São tantas as atividades a que se propõe como ex-presidente que já se desenha no horizonte a figura do ativista de si mesmo.
Na verdade, nada muito diferente do que fez nos oito anos como
presidente da República. Período durante o qual não comprou uma só briga
com setores cuja insatisfação poderia impedi-lo de construir a
popularidade e a rede de sustentação política que construiu com pleno
êxito.
Ao custo de avanço significativo nenhum em saúde, educação,
infraestrutura, segurança pública, setores essenciais para que o Brasil
consiga com sucesso prosseguir na trajetória ascendente dos últimos anos
e chegar a uma condição satisfatória de desenvolvimento.
Evidentemente, a nova presidente terá de fazer frente a esses e a outros desafios.
Lula cuidou muito bem da própria biografia. Propagandeou o que fez e o
que não fez. Falou dia e noite bem de si, contando para isso com o
espaço natural de que dispunha como chefe da Nação nos meios de
comunicação.
Pelo jeito, prepara-se para continuar em cena, criando fatos que o
coloquem em constante destaque, instalando-se no centro de uma
hipotética assembleia permanente a partir da qual possa continuar como
protagonista.
Claro, dependerá da disposição da imprensa de criar uma espécie de "editoria Lula". Fará de tudo para isso.
Com qual objetivo? O pessoal tanto pode vir a ser uma futura
candidatura à Presidência ou, como aventou outro dia um bom observador
da cena, a governador de São Paulo a fim de tentar derrubar de vez a
cidadela mais poderosa do PSDB.
O objetivo político mais geral está claro: consolidar um projeto de poder a partir da construção da hegemonia definitiva do PT.
Vida como ela é. Mal terminaram as eleições, o governador do Rio,
Sérgio Cabral, abriu campanha contra a "hipocrisia e a demagogia"
defendendo a descriminalização do aborto e a legalização do jogo.
Causas pertinentes se bem pesadas e medidas em face das demandas da
sociedade e da precaução do Estado como guardião da legalidade e do
bem-estar da coletividade.
Por isso mesmo, temas que governantes e candidatos a representantes
populares deveriam debater em público preferencialmente antes de se
submeterem a voto. Para não padecerem dos males da demagogia e da
hipocrisia pré-eleitoral.
Síntese. O Poder Legislativo no Brasil não se dá ao respeito, não
merece respeito e isso está traduzido na figura do palhaço de 1 milhão
de votos que o eleitor decidiu mandar a Brasília para que suas
excelências se lembrem permanentemente de como a população vê o
Congresso.
Uma instituição à altura de um semianalfabeto que se deixou usar por
espertalhões profissionais, cuja matéria-prima é a união da
desqualificação do Parlamento com a despolitização de uma sociedade
referida no entretenimento.
E agora há quem, entre os bem-pensantes que não votaram nele, o celebre dando-lhe status de vítima do preconceito elitista.
O mesmo raciocínio conferiu a Severino Cavalcanti, quando eleito
presidente da Câmara, proteção das críticas por encarnar o esforço do
homem simples que chegou lá. Há registros.
Isso meses antes de ser obrigado a renunciar, pego em flagrante delito de corrupção.
Fonte: O Estado de S.Paulo
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