
Circulam hipóteses, não raro difundidas por interessados de alguma
maneira: seja em emplacar ou em queimar nomes. O atual presidente diz
que não vetará nem indicará ninguém e a presidente eleita nada disse de
concreto a respeito.
Apenas nomeou um interlocutor (José Eduardo Dutra, presidente do PT)
junto aos partidos que compuseram a aliança eleitoral e integrarão a
coalizão de governo e foi descansar.
Do PMDB ao PT, passando por PSB, PDT, PP e companhia, todos decidiram
por si abrir a temporada de leilões e gritam em praça pública por seu
quinhão.
Todos se acham no direito de ocupar espaços e cada qual apresenta
seus motivos. O PT defende seus direitos de partido da presidente; o
PMDB os seus de legenda do vice-presidente; o PSB argumenta que fez
bonito na eleição e assim por diante.
Governadores também são citados como interessados em indicar
titulares de pastas, sendo as mais cotadas aquelas que têm mais
orçamento e tocam obras. Notadamente as que guardem relação com a Copa
de 2014 ou com a Olimpíada de 2016.
Os jornais todos os dias trazem relatos que mais se assemelham a uma feira livre onde cada um vende aos berros o seu produto.
Há também os que alegam precisar dos cargos para acomodar um
correligionário a fim de abrir vaga no Parlamento e há partidos
aceitando um escambo básico: entregam a pasta que ocupam em troca de
outra mais substancial.
Todo mundo apresenta a conta com uma desenvoltura de boquiabrir.
A ninguém, porém, ocorre aludir ao interesse do público, apresentar
uma proposta de política para o setor pretendido junto com uma lista de
pessoas reconhecidamente competentes nas áreas específicas.
Não há sequer uma referência, tênue que seja, ao bem da coletividade
necessitada de ver o Brasil sair do 73.º lugar em termos de Índice de
Desenvolvimento Humano Mundial, se quiser se tornar um país realmente
preparado para assumir o propagado papel de nação onde o futuro
finalmente chegou.
Enquanto tratar sua administração como um condomínio de uso privativo de quem quer que seja, não chega lá.
Cenografia. Ao sugerir Aécio Neves para a presidência do Senado, o
governador do Ceará, Cid Gomes, azeita as relações entre PSDB e PSB, mas
faz um gesto inócuo.
Na prática implicaria arquivar a regra da preferência à maior bancada e a convencer o PMDB e o PT a desistirem do posto.
Da última vez que se rompeu a norma na Câmara foi eleito Severino
Cavalcanti. Da penúltima, em 2001, Aécio Neves elegeu-se presidente da
Câmara, mas rompeu-se a aliança do governo Fernando Henrique com o PFL,
que lançou candidatura própria (Roseana Sarney) à Presidência da
República.
Chega para lá. Correligionários de José Serra o incentivam a ser
candidato a presidente outra vez. Enquanto isso, Aécio Neves ocupa
espaço delimitando a área de atuação do paulista.
Aécio propõe que Serra componha, junto com Fernando Henrique e Tasso
Jereissati, um conselho de notáveis para cuidar da "refundação" do PSDB.
Estelionato. Se a CMPF é tão necessária e indispensável à melhoria do
serviço público de saúde, por que os candidatos a governador e a
presidente não fizeram campanha pregando a volta do imposto?
Casagrande. O senador e governador eleito do Espírito Santo, Renato
Casagrande, esclarece: em 2007 votou a favor da CPMF. Ficou contra
depois, quando o governo tentou retomar o tema.
Agora só apoia criação de imposto no âmbito de uma reforma tributária e mediante a desoneração de outro setor.
Fonte: Dora Kramer - O Estado de S.Paulo
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