Edson Aparecido retorna à Prefeitura de São Paulo como articulador de Ricardo Nunes

Depois de candidatura ao Senado, ex-secretário da Saúde deverá articular programa nos moldes do combate à covid-19 para a população de rua 

Edson Aparecido (MDB)

Bruno Ribeiro - Metrópoles

Após deixar o comando da Secretaria Municipal da Saúde para lançar uma malfadada candidatura ao Senado, o ex-secretário Edson Aparecido (MDB) retorna nesta segunda-feira (5/12) à Prefeitura de São Paulo com uma nova missão, mas novamente de olho no calendário eleitoral.

A convite do prefeito Ricardo Nunes (MDB), Aparecido toma posse como secretário de Governo, responsável não apenas pela articulação política na capital, mas também por viabilizar projetos que possam pavimentar a campanha à reeleição do atual chefe do Executivo paulistano, em 2014.

“O prefeito me pediu um foco muito grande em entregas”, disse Edson ao Metrópoles.

A cidade de São Paulo tem R$ 34 bilhões em caixa, valor suficiente para arcar com toda a folha de pagamento da Prefeitura por um ano, valor recorde, fruto de uma renegociação da dívida pública feita entre as gestões de Nunes e Jair Bolsonaro (PL).

Com tantos recursos, o prefeito quer colocar em marcha um grande projeto, ainda a ser desenhado, voltado especialmente para a área social, e dar uma resposta para o chocante crescimento da população de rua na maior a mais rica cidade do país.

“A pandemia fez crescer muito a população de rua e o perfil desse público mudar. Vemos famílias inteiras na rua, não mais uma maioria de homens solteiros”, afirma Edson. Segundo dados da Prefeitura, há mais de 30 mil pessoas vivendo nas ruas da capital.

Para viabilizar um programa bilionário voltado a área social, Nunes entende que precisa construir um consenso com os demais poderes, com os órgãos de controle, o mercado e a sociedade civil.

Assim, Edson terá a missão articular ações com a Câmara Municipal, o Tribunal de Contas do Município, o Ministério Público e a Defensoria Pública do Estado, empresários e entidades do terceiro setor, além de auxiliar na definição dos detalhes técnicos das ações da área social.

“Foi assim que fizemos na pandemia, e pudemos montar estruturas de atendimento para enfrentar a crise em pouco tempo”, afirma Edson.

São Paulo, na época, alinhou ações com esses órgãos, sob a justificativa da urgência da crise sanitária, e conseguiu viabilizar a construção de hospitais de campanha, compra de respiradores e aceleração de obras para a conclusão de hospitais.
Retorno esperado

O retorno de Edson à Prefeitura era tido como certo no meio político e por pessoas próximas à área da Saúde mesmo antes do término das eleições.

Deputado federal eleito pelo PSDB em 2006 e reeleito em 2010, Edson deixou o mandato nas duas ocasiões para assumir cargos em secretarias ligadas à articulação política nos governos estaduais de José Serra (PSDB) e Geraldo Alckmin (PSB), de quem chegou a ser chefe da Casa Civil.

Ele foi um dos nomes escolhidos pelo PSDB para acompanhar a campanha do ex-tucano João Doria à Prefeitura, em 2016. Com vitória nas urnas, ele foi acomodado como presidente da Companhia Municipal de Habitação (Cohab). Quando Doria abandonou o cargo para disputar o governo paulista, em 2018, o então prefeito Bruno Covas (morto em 2021) o convidou para a Secretaria da Saúde.

Já quando Ricardo Nunes assumiu a Prefeitura, após a morte de Covas, ele manteve a equipe de governo do tucano e intensificou o entrosamento que já possuía com Aparecido, a ponto do então secretário trocar o PSDB pelo MDB com o objetivo de ser vice na chapa do atual governador tucano Rodrigo Garcia, no pleito deste ano.

A costura política não deu certo, mas Aparecido ganhou a confiança de Ricardo Nunes, a ponto de ser recrutado de volta à Prefeitura para se tornar peça-chave no projeto pela reeleição em 2024.

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