Lula escolhe Persio Arida, Lara Resende, Barbosa e Mello para comandar transição na economia

Presidente eleito divide coordenação entre economistas liberais e representantes do PT


Julia Chaib e Bruno Boghossian - Folha.com

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) definiu que o comando de sua equipe de transição na área econômica deve ficar com Persio Arida, André Lara Resende, Nelson Barbosa e Guilherme Mello. A informação é de diferentes pessoas envolvidas nas tratativas.

Com isso, Lula opta por uma divisão da área entre dois economistas de perfil reconhecidamente liberal (Arida e Resende), que tendem a agradar ao mercado; e dois representantes do partido (Barbosa e Mello), que defendem a flexibilização de certas regras, como o teto de gastos, para atender principalmente a demandas sociais.

Arida chegou a ser citado entre os nomes considerados para assumir o Ministério da Economia. Ele é próximo de Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente eleito e coordenador da transição.

O economista é um dos pais do Plano Real —que acabou com o cenário de hiperinflação nos anos 1990, na transição dos governos Itamar Franco (1992-1994) e Fernando Henrique Cardoso (1995-2002)— e declarou voto em Lula no segundo turno.

Economista graduado pela USP (Universidade de São Paulo), foi presidente do BNDES e do Banco Central no governo Fernando Henrique Cardoso —período em que houve a consolidação do Real.

Já Resende, outro integrante da equipe do pai do Real que apoiou Lula, não deve ter cargo de gestão. Pode ser indicado para representar o Brasil em algum organismo internacional, como o Banco Mundial ou o FMI (Fundo Monetário Internacional), ou atuar como um formulador de políticas públicas.

Barbosa, por sua vez, já foi ministro da Fazenda e ministro do Planejamento no governo de Dilma Rousseff (2010-2016). Ele deve ser uma voz relevante sobretudo no debate sobre a regra fiscal a substituir o teto de gastos, já que sua defesa por uma meta de despesas ganhou relevância nos debates do PT recentemente. Barbosa também é colunista da Folha.

Mello é o único que não tem experiência em governos anteriores. Na campanha de 2022, foi responsável por ser o porta-voz do partido em diferentes eventos e seminários, durante os quais exibiu com frequência uma visão próxima à de Lula.

O fato de estarem na transição não significa que algum deles será ministro. Lula tem afirmado a aliados que integrar a equipe não significa automaticamente a participação no governo.

Ainda são cotados para a Economia nomes do PT, como Fernando Haddad (SP), Rui Costa (BA) e Alexandre Padilha (SP).

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