Alckmin monta seu núcleo duro na transição com três aliados de suas gestões em SP

Ainda estranho no ninho petista, político se cercou de 'Alckmistas' do tempo em que governou São Paulo, todos discretos como ele


Rosa (esq.) integra núcleo político. Pesaro (centro) é braço-direito no CCBB. Guerra (à dir.) é conselheiro político

Eduardo Gonçalves - O Globo

Estranho no ninho petista, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) carregou para Brasília, onde coordena a equipe de transição, um trio de fiéis escudeiros. São os “alckmistas” — como os petistas os apelidaram — Floriano Pesaro, Marcio Elias Rosa e Pedro Guerra, que destoam dos demais “companheiros” por não utilizarem na lapela o broche do PT e marcarem presença quase todos os dias no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Em comum entre eles, além do sotaque paulista, o perfil discreto que se assemelha ao do chefe, com quem trabalharam por anos no Palácio dos Bandeirantes.

Com o cargo de coordenador-executivo da transição, Pesaro é considerado os “olhos e ouvidos” e o “braço-direito” de Alckmin no CCBB — o vice tem se dividido entre São Paulo e Brasília nas últimas semanas. Na prática, é o auxiliar quem cuida do dia a dia da transição, desde a organização de reuniões à compra de materiais. Ex-secretário-adjunto da Casa Civil (2003-2004) e Desenvolvimento Social (2015-2018) na gestão Alckmin no governo de São Paulo, ele se licenciou do mandato de deputado federal para trabalhar no Palácio dos Bandeirantes, em 2015. E reassumiu na Câmara um ano depois, com uma missão: votar a favor do impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT). 

Na época, ele chegou a chamar o PT de “organização criminosa”. Questionado, Pesaro afirmou não ver contradição ao integrar a equipe do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

— Naquele momento histórico estávamos em polos políticos opostos e eram naturais os posicionamentos críticos de parte a parte. Hoje, ao contrário, o que nos une é mais relevante: a defesa da democracia, das instituições republicanas e a necessidade de o Estado fazer frente a uma grande emergência social — disse ao GLOBO.

Advogado de Alckmin, Marcio Elias Rosa é outro assessor direto do vice-presidente e integra o núcleo da Justiça e Segurança Pública na transição. Ele foi o procurador-geral do Estado de São Paulo durante duas gestões (2012-2014 e 2014-2016) e secretário estadual de Justiça (2016-2018). Na época em que chefiou o Ministério Público paulista, Rosa saiu em defesa dos procuradores que investigavam o caso do tríplex no Guarujá, cuja posse era atribuída a Lula. 

Pedro Guerra, por sua vez, é considerado um conselheiro político de Alckmin desde os tempos do Bandeirantes. Formado em Direito e especializado em administração pública, ele é o responsável por montar a agenda do vice-presidente eleito e mantê-lo informado sobre as articulações políticas em jogo. Ele deve exercer essa função na Vice-Presidência da República.

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