Simone Tebet, Marina Silva e Armínio Fraga promovem ato-pró Lula com empresários e CEOs

Principal argumento apresentado pelos três é considerar que a reeleição de Bolsonaro é um risco para o País; encontro reuniu cerca de 650 pessoas

Marina Silva, Armínio Fraga e Simone Tebet

Marcelo Godoy - Estadão

A senadora Simone Tebet (MDB-MS), o economista Armínio Fraga e a deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP) se reuniram nesta segunda-feira, 17, em São Paulo com cerca de 650 empresários, banqueiros, CEOs e economistas para convencê-los a votar na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) no segundo turno da eleição presidencial. O principal argumento apresentado pelos três foi o risco que eles consideram representar a reeleição de Jair Bolsonaro (PL) para a democracia no Brasil. Tebet sugeriu que Bolsonaro reeleito poderá tentar um terceiro mandato.

“A democracia já está fragilizada. Desde o primeiro dia do governo Bolsonaro. Eu estava lá em Brasília. O governo coloca uma instituição contra outra. E hoje já domina o Legislativo com o orçamento secreto. Poderá aumentar o número de ministros do Supremo Tribunal Federal e concentrar mais poder, acovardar os ministros do STF e, talvez, até implanta um terceiro mandato”, afirmou Simone Tebet.

Os organizadores fizeram questão de dizer que o encontro não era uma manifestação de apoio a Lula e Alckmin – a presença não significava necessariamente concordância com a candidatura, mas uma tentativa de conseguir novos apoios à chapa para derrotar Bolsonaro.

A senadora apresentou então duas outras razões para se opor à reeleição do presidente. “Esse governo é desumano. Atrasou 45 dias a compra das vacinas.” E criticou o que considera retrocessos do governo. Por fim, fez um pedido à plateia “Não cabe a omissão da neutralidade. Não cabe nesse momento. Não é uma questão de escolher o menos pior. Mas escolher o único que representa a democracia. Nunca votei no Lula ou na esquerda.” A senadora criticou o ex-juiz Sérgio Moro por ter se unido de novo a Bolsonaro.

Para tranquilizar a audiência, que a questionou sobre invasões de terras e privatizações num governo petista, ela disse que Lula terá de negociar uma concertação com os partidos do centro se quiser governar. Por fim, ela criticou o uso da religião por Bolsonaro na campanha e a ida do presidente à Aparecida no dia 12. “Se amamos o nosso Basil e queremos resgatar os valores e amamos a diversidade do povo brasileiro, não temos alternativa: temos de derrotar Bolsonaro agora e lutar por quatro anos contra tudo o que representa o bolsonarismo no País”.

Tebet disse que o primeiro ato de campanha com Lula será em Minas. “Tem de ser um lugar de peso”. Ela deve ir na sexta com o petista para Teófilo Otoni e Governador Valadares. Nesta terça, a senadora estará em Brasília e no fim de semana fará campanha em Pernambuco, onde apoia a candidata Raquel Lira, do PSDB, que disputa o segundo turno com Marília Arraes (Solidariedade).


Indecisos

O encontro serviu para convencer apoiadores de Tebet, ainda indecisos, a seguir a escolha da candidata do MDB à Presidência, que declarou apoio a Lula. Ele foi organizado na casa da ambientalista Teresa Bracher e de seu marido, o banqueiro Cândido Bracher, mesmo lugar onde Tebet começou sua campanha no primeiro turno das eleições – ela ficou em terceiro lugar, com 4,9 milhões de votos (4,2% do total). Além de Teresa, o evento também contou como organizadores Marisa Moreira Salles, Neca Setubal, a advogada Maria Stella Gregori, o editor Tomas Alvim e Ana Paula Guerra.

Fraga, que foi presidente do Banco Central no governo de Fernando Henrique Cardoso, afirmou que chegou a pensar em anular o voto, mas depois, mudou de ideia. “Sempre acreditei no caminho liberal e solidário para o desenvolvimento do País. Eu nunca votei no Lula. A realidade do bolsonarismo acabou se impondo. A mudança do meu voto espelha o medo da deterioração da democracia. Se havia alguma dúvida, isso desapareceu. Vou votar no Lula sem qualquer condição.”

Logo depois de Fraga, Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente de Lula, afirmou ter três razões para votar e Lula O primeiro é o compromisso com a democracia, a segunda é o que chamou de “imperativo ético” de combate às desigualdades e, por fim, estabelecer um processo de transição para um modelo de desenvolvimento sustentável com a transição para uma economia debaixo carbono.

Em comum todos disseram que decidiram declarar seu voto em Lula no segundo turno em razão da defesa da democracia. Fraga, Marina e Tebet falaram durante cerca de dez minutos. Entre os participantes há o receio de que, com um Congresso eleito mais à direita que o atual, Bolsonaro possa, finalmente, avançar contra o STF. Ao mesmo tempo, participantes do evento acreditam que o Legislativo funcionaria como contrapeso a um eventual governo Lula.

A pauta ambiental e necessidade de o Brasil participar da revolução da economia verde e a prioridade à Educação para o desenvolvimento do País – pauta de Tebet – foram outras duas razões apontadas para a escolha da chapa Lula/Alckmin entre os participantes que decidiram seguir a escolha de Tebet. Todos que estavam ali fizeram questão de dizer que o encontro não era uma manifestação de apoio a Lula e Alckmin – a presença nele não significava necessariamente concordância com a candidatura do petista. Mas uma tentativa de conseguir novos apoios à chapa.

Ali estavam diretores e CEOs da Boomberg, BMG, Safra, Siemens, Suzano, Grupo Europa, Standard Bank Group, Grupo Ultra, Thyssenkrupp South America, Santander e outras empresas, além de economistas e empresários que já se decidiram pelo voto em Lula, como Marcos Lisboa, Zeina Latif, o fundador do SOS Mata Atlântica Roberto Klabin e os donos da Natura Guilherme Leal e Pedro Passos.

Após o evento, Fraga afirmou que a indicação de um ministro da economia por Lula não é importante. “Vivi isso com o Aécio. As ideias têm tudo para serem razoáveis. Ao longo dos anos, alguma coisa devem ter aprendido”, disse, referindo-se ao PT e Lula.

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