PT gaúcho recomenda 'voto crítico' em Eduardo Leite contra Onyx

Partido oficializou apoio a tucano ao Governo do Rio Grande do Sul

Eduardo Leite

Caue Fonseca - Folha.com

Partido do terceiro colocado nas eleições ao Governo do Rio Grande do Sul, Edegar Pretto, o PT oficializou nesta segunda-feira (24) o apoio a Eduardo Leite (PSDB). É a primeira vez que o PT gaúcho recomenda abertamente voto a um político tucano ao Piratini.

Leite disputa o segundo turno contra o ex-ministro bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL), que teve vantagem no primeiro turno. O tucano decidiu não abrir seu voto na eleição presidencial, justificando que, ao fazê-lo, submeteria a eleição no estado à polarização nacional e prejudicaria o debate sobre temas locais.

O apoio veio por meio de uma nota assinada pelo terceiro colocado no primeiro turno, Edegar Pretto, pelos ex-governadores Olívio Dutra e Tarso Genro, pelo senador Paulo Paim e pelo presidente do partido no RS, deputado federal Paulo Pimenta.

O texto recomenda um "voto crítico" em Leite e justifica a decisão pela compreensão do "momento político que vivemos". A nota diz ainda que "todos os democratas devem ter como compromisso primeiro a defesa da democracia e o combate às candidaturas que representam o atraso bolsonarista".

Em seguida, os petistas chamam a atenção para as divergências entre petistas e a gestão tucana, como a privatização da estatal de saneamento, a Corsan, e a adesão recente da gestão tucano ao regime de recuperação fiscal junto ao governo federal. Porém, salienta que "é a hora de defender o Brasil e o Rio Grande da ameaça representada pelas candidaturas de Bolsonaro e Onyx".

A decisão vai ao encontro da fala de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia 19, em Porto Alegre, quando o ex-presidente disse que o partido tinha autonomia "para fazer o que bem entende aqui, menos eleger o Onyx."

Mais tarde, discursando em frente ao Palácio Piratini, Lula foi ainda mais enfático. Disse aos apoiadores presentes que eles "não podem permitir que o Onyx seja o governador desse estado." E complementou: "O Rio Grande do Sul merece mais. O Rio Grande do Sul é símbolo da democracia nesse país e a gente não pode permitir que a extrema-direita com preconceito venha a governar esse estado".

A expressão "voto crítico" também foi usada por Leite em 2018 para justificar seu apoio a Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno de 2018. Ele disputava contra José Ivo Sartori (MDB), que escancarou o apoio a Bolsonaro e cunhou o termo "Sartonaro".

Na ocasião, o PT havia lançado como candidato o ex-ministro Miguel Rossetto, que fez 17,7% dos votos, ficou em terceiro lugar e decidiu não apoiar ninguém no segundo turno.

Ainda assim, Leite venceu no segundo turno em 45 dos 46 municípios gaúchos em que Rossetto havia vencido. Nas eleições de 2022, Pretto ampliou o capital político petista. Fez 26,7% dos votos e por pouco não tirou Leite do segundo turno.

Desde então, Leite evitou aliança formal com o PT, mas sua campanha é marcada pela cordialidade entre tucanos e petistas em oposição ao bolsonarismo. Em seu Twitter, Leite agradeceu as manifestações de votos de líderes petistas e, em seu programa eleitoral, citou a convergência com o projeto de Pretto no combate à fome.

Outro aceno entre petistas e tucanos foi o encontro do atual governador Ranolfo Vieira Júnior (PSDB) —vice de Leite antes de sua renúncia, em março passado— com líderes petistas e Geraldo Alckmin (PSB) no dia da passagem de Lula pelo RS. Segundo a assessoria do governador, o encontro "não representou nenhum tipo de apoio político", e sim "um gesto de hospitalidade e cordialidade".

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