Tumulto de bolsonaristas gerou protestos contra uso eleitoral da celebração
Bolsonaro
Naná DeLuca - O GLOBO
A presença do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), e de políticos aliados, nas celebrações pelo Dia de Nossa Senhora Aparecida, nesta quarta-feira (12), ainda está repercutindo nas redes sociais nesta quinta-feira (13).
O presidente incensou seus seguidores nos últimos anos a transformar o 12 de outubro num ato político, culminando nos episódios vistos ontem, como vaias ao arcebispo, perseguição a fiel de vermelho, gritos de apoio e até consumo de bebidas na porta do santuário.
Nas redes, tornaram-se virais vídeos que mostram apoiadores de Bolsonaro hostilizando um rapaz do lado de fora da Basílica Nossa Senhora Aparecida, atacando uma equipe de jornalistas, da TV Vanguarda e da TV Aparecida, e vaiando o arcebispo da Arquidiocese, dom Orlando Brandes, quando celebrava a homilia na principal missa no santuário.
"Parabéns a você que está aqui dentro e está rezando, porque hoje não é dia de pedir voto, hoje é dia de pedir bênção", afirmou, sob aplausos, o padre Camilo Júnior durante uma pregação.
Este é mais um capítulo em que questões religiosas atravessam as eleições deste ano. Apesar do presidente Bolsonaro se declarar católico, é no segmento evangélico que está sua mais significativa base de apoio.
Questionado em entrevista coletiva sobre a participação do presidente Jair Bolsonaro (PL) e de Tarcísio de Freitas (Republicanos), dom Orlando expressou incômodo.
"Não podemos julgar, mas precisamos ter uma identidade religiosa. Ou somos evangélicos ou somos católicos. Precisamos ser fiéis à nossa identidade católica, mas seja qual for a intenção vai ser bem recebido, porque é o nosso presidente", afirmou.
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) emitiu nota nesta terça-feira (11) na qual afirma "lamentar e reprovar" a "exploração da fé e da religião" no segundo turno das eleições.
Nas redes sociais, são diversas as hashtags que tratam da ida do atual mandatário à festa em homenagem à padroeira do Brasil. Até a manhã desta quinta-feira (13), "Aparecida" é o terceiro assunto mais comentado no Twitter. Há outras hashtags em que é possível acompanhar a repercussão, entre elas, "Absurdo", "Papa", "Bolsonaristas", "Bolsonarismo não é de Deus", "TV Aparecida" e "Católico não vota no Jair".
Pedro Barciela, analista de dados e especialista em mídias sociais, publicou no início desta manhã que o episódio gerou um pico de menções negativas a Bolsonaro no Twitter:
O deputado federal André Janones (Avante-MG), divulgou na noite desta quarta um copilado de imagens que mostram as cenas de hostilidade de bolsonaristas durante a celebração.
O vídeo viralizou na própria conta do deputado e está sendo replicado por outros perfis. O ex-presidente Lula (PT), principal adversário de Bolsonaro no pleito que se avizinha, usou sua conta no Twitter para criticar a conduta do atual presidente em Aparecida.
Candidato à vice-Presidência, Geraldo Alckmin também se manifestou via Twitter: "Estou perplexo."
A expressão "chute na santa" também está sendo utilizada para descrever as cenas bolsonaristas em Aparecida. O termo é alusão aocaso de Sérgio Von Helder, bispo da Igreja Universal do Reino de Deus que chutou, ao vivo na televisão, a imagem de Nossa Senhora Aparecida, em 12 de outubro de 1995.
Alguns críticos do presidente também lembraram que esta não é a primeira vez que Bolsonaro utiliza uma data tradicional ou cívica para angariar apoio eleitoral.
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