Tarcísio de Freitas recebe e retribui apoio a investigados de envolvimento com o PCC

Ney Santos já foi preso, cassado e investigado por ligação com facção criminosa; sua irmã, Ely Santos, é investigada no mesmo inquérito

Tarcísio de Freitas e Ney Santos

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Candidato a governador de São Paulo, o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem buscado todo tipo de apoio para enfrentar o governador Rodrigo Garcia (PSDB), com quem briga por uma vaga no segundo turno contra Fernando Haddad (PT), segundo as últimas pesquisas.

E aí corre alguns riscos. Circula nas redes sociais um vídeo no qual ele tem um encontro com o prefeito de Embu das Artes, Ney Santos (Republicanos), um político polêmico, que já esteve preso duas vezes, foi cassado e investigado por ligação com a facção criminosa PCC. 

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“Estou tendo aqui uma rica oportunidade de estar com nosso próximo governador de São Paulo”, afirma Ney Santos ao lado do ex-ministro no vídeo que circula nas redes. Segundo o prefeito, o objetivo do encontro foi discutir “várias pautas importantes para a nossa região, principalmente na área de saúde”.

“Vamos trabalhar juntos”, afirma Tarcísio, fazendo referência à suplente de deputada Ely Santos (Republicanos-SP), que é irmã de Ney Santos e também foi investigada por lavagem de dinheiro pelo Ministério Público de SP no mesmo inquérito que apura o envolvimento do PCC. 

Ney Santos foi preso pela primeira vez em 1999, quando tinha 19 anos de idade, por receptação e formação de quadrilha. Em 2003, voltou a ser preso sob suspeita de ter participado de um assalto a um carro-forte, que contou com o uso de metralhadora. Ficou dois anos na prisão e foi solto após julgamento em segunda instância. 

Depois que saiu da prisão, virou empresário do ramo de combustíveis. Foi eleito prefeito pela primeira vez em 2016, acabando com uma hegemonia do PT de dezesseis anos na cidade. Ele foi condenado depois pela Justiça Eleitoral por abuso de poder econômico na campanha, obtenção de recursos financeiros ilícitos, empregos de laranja para realização de doações eleitorais, gastos eleitorais acima do permitido e caixa dois. Ele perdeu os direitos políticos e foi cassado, mas manteve-se no cargo em razão de recurso judicial.

Como prefeito, voltou a ser detido, em junho de 2021, durante uma operação policial na fazenda do seu irmão, em Encruzilhada, no sudoeste da Bahia, onde foram apreendidas armas e 670 mil reais em dinheiro. Ele prestou depoimento e foi liberado. A operação foi feita após denúncia anônima de que o local era usado para movimentação ilegal de mercadorias. Em nota, o prefeito disse que as duas armas apreendidas eram legais e pertenciam a um funcionário da fazenda e os valores apreendidos eram frutos da atividade da propriedade rural.

O vídeo do encontro de Tarcísio com o polêmico prefeito foi explorado pelo ex-colega de Esplanada dos Ministérios Abraham Weintraub, hoje seu adversário na disputa ao governo do estado, pelo PMB. “Duas hipóteses: 1) ) Tarcísio tem uma assessoria péssima, incapaz de verificar para quem dará apoio; 2) Tarcísio tem uma assessoria “excelente” e já está falando com os “parças”.

Depois completa: “Qual a próxima ação “descuidada” do Tarcisão? Fazer tatuagem de carpa? Ou uma tatuagem de palhaço?”, afirma. A referência à carpa se deve ao fato de a tatuagem ser identificada com membros do PCC.

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