Rodrigo Garcia defende urgência de reforma tributária e critica pacto federativo

Candidato à reeleição, governador diz que Estado precisa reverter quadro de perda de receitas durante sabatina na Associação Comercial de São Paulo

Rodrigo Garcia (PSDB)

Leon Ferrari - Estadão

Governador de São Paulo e candidato à reeleição, Rodrigo Garcia (PSDB) defendeu a urgência da aprovação da reforma tributária e criticou o pacto federativo nesta segunda-feira, 5. “Estamos em uma situação delicada do ponto de vista tributário e federativo”, disse. Durante a sabatina na Associação Comercial de São Paulo (ACSP), o tucano destacou que as políticas de desenvolvimento social precisam ser “muito individualizadas”, além de prometer investimento no ensino técnico - um ensino no padrão das escolas técnicas estaduais (ETEC).

A sabatina teve tom ameno e Garcia foi, por diversas vezes, elogiado pelos presentes – inclusive, o ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto chegou a dizer que votaria nele, caso estivesse lotado em colégio eleitoral de São Paulo. Os parlamentares se referiram ao tucano como um “governador municipalista”.

“Se reeleito, serei um governador que vai defender a mudança do sistema tributário, para cobrança no destino. Tem que ter coragem para defender isso, porque São Paulo perde receitas para isso. Mas quando a gente olha o mundo desenvolvido, o mundo foi por esse caminho”, falou. Na visão dele, com o estabelecimento de um possível “ciclo virtuoso”, criado pela mudança, SP será o maior beneficiado.

Garcia acredita que, independente do resultado das eleições presidenciais, o assunto será pauta já do primeiro semestre de 2023, e governadores e prefeitos terão “papel importante”.

Em relação ao pacto federativo, Garcia argumentou que São Paulo contribui muito, mas recebe pouco. “O Estado que sempre foi a locomotiva deste País, já faz algum tempo que está se transformando em trem de carga”, declarou. “Defendo o pacto federativo, mas precisamos rever alguns conceitos, porque muito desse pacto gerou Estados dependentes de repasse da União e muitos desses Estados usam recurso de São Paulo para manter privilégios do seu funcionalismo público.”

Quando questionado sobre a reforma administrativa, falou não conhecer em detalhes o texto, mas disse considerá-la “tímida”. Ele salientou que deve haver um “pouco mais de autonomia para os entes federados”, principalmente no que tange o estabelecimento de pisos salariais.


‘Grande plataforma de produção da América Latina’

Garcia começou sua fala comentando a participação de seus adversários na sabatina da associação. Segundo ele, São Paulo não se tornou o Estado mais competitivo e desenvolvido do País à toa, mas sim por causa de esforços e escolhas da sociedade civil e dos governantes.

No entanto, ponderou que os desafios nos próximos quatro anos, caso reeleito, são “enormes”, pois a pandemia bagunçou as cadeias produtivas. Quando o sistema de manufatura mundial for redistribuído no território, frisou que SP precisa se consolidar como “grande plataforma de produção da América Latina”, fazendo-se valer de suas vantagens competitivas, como a disponibilidade de energia barata e limpa, por exemplo.

Nesse sentido, prometeu expandir a oferta de ensino técnico, em um padrão ETEC. A promessa é que todos os alunos do ensino médio tenham a oportunidade de fazer a formação técnica complementar até 2026. Para isso, disse que quer contratar vagas em escolas e universidades privadas.

“O Brasil errou quando investiu em ensino superior. A gente sabe da falta de qualificação da mão de obra nesse sentido. Não que o ensino superior seja ruim, mas nós tínhamos que ter colocado parte daquele dinheiro no ensino técnico para que a gente tivesse uma educação voltada para o trabalho”, defendeu.

Ele também acenou para a iniciativa privada quando prometeu trazer a “Faria Lima” para investir em pesquisa, tornando a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) em uma espécie de consultoria para os investidores.


Desigualdade

Outro desafio latente de São Paulo, conforme ele, é a “desigualdade social crescente”. “Nós tivemos na crise da Dilma, 6,5 milhões de pessoas que vieram pra linha de pobreza. Na crise recente, agora da covid, mais 8,5 milhões. Portanto, quinze milhões, das quais mais de um milhão em São Paulo.” Por isso, defendeu políticas claras de apoio e transferência de renda.

No momento, acredita ser necessária ação emergencial. “Precisamos salvar essas pessoas.” Segundo ele, elas correm o risco de nunca mais voltar ao mercado e se tornarem dependentes do Estado.

Garcia também argumentou que as políticas públicas de desenvolvimento social precisam ser “muito individualizadas” e, para isso, conta com a figura do agente de desenvolvimento familiar no seu plano de governo. A ideia é que ele atue como um agente de saúde da família, que ajudará os núcleos familiares a identificar suas fragilidades e compreender para quais benefícios é elegível.

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