O tucano ensaia voo

Avanço de Rodrigo no Datafolha torna mais acirrada disputa pelo Bandeirantes

governador Rodrigo Garcia (PSDB)

Editorial - Folha de S.Paulo

O dado mais significativo da nova pesquisa Datafolha sobre a disputa pelo governo de São Paulo é a ascensão do governador Rodrigo Garcia (PSDB), que passou de 15% a 19% das preferências.

Embora esteja no limite da margem de erro, de dois pontos percentuais para cima ou para baixo, a variação não deixa de ser significativa. Na pesquisa anterior, Rodrigo mantinha-se em terceiro lugar, atrás de Tarcísio de Freitas (Republicanos), com quem agora está tecnicamente empatado.

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O candidato apoiado por Jair Bolsonaro (PL) tem 22% das intenções de voto, enquanto Fernando Haddad (PT) lidera com 36%.

É incerto se o crescimento de Rodrigo prosseguirá e o levará ao segundo turno. Alguns fatores, contudo, merecem ser ponderados.

Antes de tudo, trata-se do incumbente, com acesso à estrutura e aos contatos propiciados pela máquina governamental, em especial no interior. Seu rival mais próximo é um nome sem tradição política no estado, que conta com o apoio do presidente para se projetar. Rodrigo, além disso, vem se tornando mais conhecido, valendo-se da propaganda eleitoral.

Com o avanço, o tucano está restabelecendo um já tradicional desenho político-ideológico de São Paulo, no qual o PSDB disputa a primazia em confronto com o PT e com uma terceira força, situada mais à direita e com traços populistas, que já foi representada em outros tempos pelo malufismo.

É fato que o chamado tucanato paulista e seu partido têm experimentado ultimamente um período de declínio, o que poderia favorecer o encerramento de um ciclo de governos que já atinge 28 anos. Mas não há, por ora, dados que permitam previsões mais consistentes sobre o desfecho da disputa.

Não mais de 62% dos entrevistados pelo Datafolha afirmam que já decidiram seu voto, enquanto outros 38% declaram que ainda podem mudar de ideia.

As projeções para o segundo turno continuam a apontar vitória de Haddad, mas a contenda é bem mais apertada quando o oponente é Rodrigo (47% a 41%) do que no confronto com o candidato republicano (54% a 36%).

Numa segunda rodada entre Haddad e Tarcísio os votos do tucano se dividem em 45% para o petista e 41% para o bolsonarista. Já na hipótese de Haddad contra Rodrigo, 64% dos eleitores de Tarcísio preferem o governador, e apenas 14%, o postulante do PT.

Em grande parte das disputas estaduais, parcela significativa do eleitorado, à diferença do que se observa no plano federal, ainda irá definir suas escolhas nas próximas duas semanas. E o quadro paulista é mais complexo por contar com três candidatos competitivos.

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