Para o atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB), as promessas do petista são um atestado favorável de seu governo
Carlos Petrocilo - Folha.com
Líder nas pesquisas para o Palácio dos Bandeirantes, Fernando Haddad (PT) se comprometeu em seu plano de governo a dar continuidade a legados do PSDB, que comanda o estado de SP há quase 30 anos.
Haddad promete ampliar o Bom Prato, fortalecer a Rede Lucy Montoro, promover os programas de transferência de renda Bolsa do Povo e Renda Cidadã e expandir o PEI (Programa Ensino Integral).
O petista diz ainda que pretende aumentar a utilização de câmeras acopladas aos uniformes de policiais militares, medida adotada pelo ex-governador João Doria.
A incorporação de legados tucanos é uma amostra de como o PT tem se esforçado para virar votos de fora de seu campo ideológico, já que Haddad, ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação, sempre foi crítico às gestões do PSDB no estado —no comando de SP desde 1995.
Para o atual governador de SP, Rodrigo Garcia (PSDB), as promessas de Haddad são um atestado favorável de seu governo. "Fico feliz que os adversários reconhecem a existência de programas exitosos no estado, diferentemente do que falam nas propagandas deles, de que em SP nada funciona", disse ele.
Nenhuma das medidas destacadas pelo petista foi sancionada por Geraldo Alckmin, governador de São Paulo pelo PSDB (2001-2006 e 2011-2018) e hoje filiado ao PSB e vice na chapa de Lula (PT).
Para o Bom Prato, criado na gestão de Mário Covas, no final de 2000, Haddad quer construir em regiões mais vulneráveis unidades móveis da iniciativa, que oferece refeições por R$ 0,50 (café da manhã) e R$ 1 (almoço).
Como forma de aprimorar o serviço, o ex-prefeito diz que o Bom Prato terá espaço PET e passará a servir jantar —a maioria dos restaurantes do programa oferece essa refeição em marmitas.
O espaço PET, segundo o plano, será construído em frente às unidades, para ajudar pessoas "em situação de rua que chegam acompanhadas de seus animais". O programa de governo também estabelece que, se eleito, Haddad implementará o Bom Prato Estudantil em regiões onde há concentração de alunos.
Em relação à rede Lucy Montoro, Haddad diz que vai expandi-la para outras regiões do estado e ampliará o leque de tratamentos para reabilitação de deficiências física, auditiva, visual, intelectual e psicossocial.
Legado da gestão de José Serra (PSDB), a rede Lucy Montoro, criada em 2008, realiza 100 mil atendimentos por mês, além dos procedimentos conduzidos em unidades móveis.
Outro projeto de Serra, o Renda Cidadã, também está no radar do petista. Já as outras ações tucanas listadas no plano de Haddad, como a Bolsa do Povo e o programa de escola em tempo integral, foram implementadas por Doria.
Uma das principais apostas do ex-governador para a educação, as unidades com ensino integral quase quintuplicaram desde 2019, passando de 417 para 2.050 em 2022.
Mesmo com o avanço, há falta de vagas para milhares de alunos do 1º ano na capital, problema revelado pela Folha e que não ocorria havia anos. Haddad afirma que vai incentivar o ensino integral "corrigindo as distorções na implementação já feita", mas não detalhou o que pretende ajustar.
Em nota, a campanha do petista diz que "Haddad pretende se valer do mesmo comportamento com que tratou o Ministério da Educação: manteve o que considerou importante do legado de seu antecessor, Paulo Renato Souza, mas concebeu novos projetos e novas ações com a sua personalidade".
Na disputa pelo governo, o petista tem direcionado suas críticas de forma estratégica a Rodrigo, na terceira posição na última pesquisa Datafolha, com 15%. Na avaliação do PT, Haddad, que tem hoje 35%, terá mais chances num segundo turno contra Tarcísio de Freitas (Republicanos), com 21% na sondagem.
Haddad introduziu em seu plano promessas que não foram concluídas por Doria e foram abandonadas por Rodrigo, como o Rodoanel Norte e a construção que liga Guarujá a Santos —o atual governador diz que haverá uma licitação para o Rodoanel Norte e, em relação à obra entre as duas cidades, afirma que o governo federal não autorizou a sua construção e que aguarda esse aval desde fevereiro.
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