Bolsonaro faz uso eleitoral da celebração do 7 de setembro e garante desfile com boiada e pedaladas

Como um trator, o governo passa por cima das regras orçamentárias mais básicas


Adriana Fernandes - Estadão Economia

A boiada orçamentária passou em desfile em Brasília no dia em que o presidente Jair Bolsonaro fazia uso político-eleitoral das comemorações pelos 200 anos da Independência do Brasil.

Sem nenhum pudor, o governo passa como um trator – do tipo que desfilou na Esplanada dos Ministérios – por cima dos procedimentos orçamentários básicos com a edição de um decreto para acelerar a liberação de emendas de relator do orçamento secreto, a três semanas das eleições.

É curioso. Temos um dos regimes de regra fiscal mais rígidos do mundo e também o que mais gera incertezas, dada a permanente flexibilização.

E o governo ainda tenta vender que o País é um porto seguro para o investimento. Esse selo não cabe num ambiente em que as regras são alteradas na maior cara de pau. Com um presidente que trabalha o tempo todo para gerar instabilidade e que estimula o clima de golpe, de ruptura institucional, ao questionar a transparência das urnas e sugerir que pode não aceitar o resultado das eleições. O ativismo político do STF também não ajuda.

Tudo isso traz insegurança jurídica, afasta os investimentos e faz com que o Brasil se aproxime cada vez mais de uma republiqueta de bananas. O aniversário de 200 anos da Independência, que era para ser uma festa cívica, se transformou num comício brochante para quem sonha com um País estável e previsível.

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