"A batalha de São Paulo", artigo de Hubert Alquéres

Na batalha paulista está em jogo o que foi conquistado com luta e sacrifício. Mas também o necessário equilíbrio entre as forças políticas e os entes federativos

Hubert Alquéres*

Haja adrenalina na disputa ao governo de São Paulo, a mais importante do país depois da eleição presidencial. O atual governador Rodrigo Garcia encostou em Tarcísio de Freitas, candidato do presidente Jair Bolsonaro. Os dois travam uma disputa ferrenha para ver quem enfrentará Fernando Haddad no segundo turno. A pesquisa do Genial/Quaest traz uma notícia péssima para o candidato do PT: pela primeira vez Haddad aparece atrás no segundo turno, se seu adversário for Rodrigo.

Toda a estratégia do candidato petista está baseada em levar Tarcísio de Freitas, seu adversário dos sonhos, ao segundo turno. Nos seus cálculos, o eleitorado de Rodrigo migraria para sua candidatura face ao sentimento anti-Bolsonaro. Com sinal trocado, Tarcísio faz o mesmo raciocínio por acreditar que se beneficiaria do forte sentimento anti-PT dos paulistas.

Os dois apostam ainda na fadiga de material, uma vez que o PSDB governa São Paulo desde a eleição de Mario Covas, em 1994. Os paulistas vêm assistindo uma espécie de “pacto de não agressão” entre Tarcísio e Haddad, com os dois fazendo dobradinha nos debates televisivos e na propaganda eleitoral para combater o “inimigo comum”. 

Mesmo com todo bombardeio, a candidatura de Rodrigo Garcia tem mostrado resiliência. Isso pode ser explicado por ser depositária de uma administração exitosa, cuja aprovação pelos paulistas cresce a cada pesquisa.

De um estado com um déficit orçamentário de 10 bilhões de reais em 2018, São Paulo saltou, nos últimos três anos, para investimentos de 50 bilhões, retomando, assim, oito mil obras paradas desde a última gestão de Geraldo Alckmin. A responsabilidade fiscal gerou dividendos, ampliando a capacidade de financiamento do Estado, inclusive em áreas sociais, como saúde, segurança e educação.

No acervo da administração está o papel de vanguarda no combate à pandemia. O Estado não mediu esforços para, pioneiramente, produzir em nosso país uma vacina contra a Covid-19, dando enorme contribuição para salvar uma infinidade de vidas brasileiras. Nesse período, a economia paulista cresceu cinco vezes mais do que a média nacional, atraindo investimentos privados da ordem de R$ 265 bilhões. Isso significou geração de emprego e de renda.

Os índices de crimes violentos são os menores da história. Até mesmo a violência policial caiu graças ao uso de câmeras nas fardas dos policiais - um programa de sucesso. Diversos estados estudam adotá-lo porque também incide na inibição de atos criminosos. Uma das pragas da política brasileira é a descontinuidade de políticas públicas exitosas. O candidato Tarcísio Freitas promete acabar com o programa, se for eleito.

A despoluição do Rio Pinheiros é outra das grandes marcas do atual governo. Representa uma melhoria na qualidade de vida da capital. Nenhum estado fez esforço tão imenso para recuperar um de seus rios. Só para se ter uma dimensão: para despolui-lo, 553 mil imóveis foram ligados à rede de esgoto - o equivalente a uma Porto Alegre.

O desempenho de um governo também se mede na reação aos imprevistos. Na educação, vimos o fechamento das escolas em virtude do advento da Covid-19. Diante desse quadro, o Estado não poupou esforços para mitigar os efeitos da pandemia na aprendizagem dos alunos, ofertando, por meio remoto e tecnologia de ponta, conteúdo de qualidade. São Paulo foi um dos primeiros estados a retornar às aulas presenciais, assim que a pandemia apresentou quedas consistentes.

Os números são insofismáveis quanto aos avanços da Educação, mesmo durante a pandemia. Em 2018, São Paulo tinha apenas 364 escolas de ensino integral, 6% da rede estadual de ensino. Hoje 2.060 escolas oferecem integralidade, 40% das cinco mil escolas estaduais. Um salto extraordinário, acompanhado da expansão do ensino profissionalizante.

Foi o primeiro Estado a implantar o Novo Ensino Médio, propiciando aos alunos conteúdos comuns obrigatórios e itinerários formativos, mais adaptados à vocação do jovem e à construção do seu futuro projeto de vida.

Quem planta, colhe. No Ideb-2021 não houve queda nos níveis de proficiências no ensino paulista. O Estado ficou em primeiro lugar nos anos finais do Fundamental, em terceiro lugar nos anos iniciais, além de saltar para a terceira posição no ensino médio.

Rodrigo Garcia conhece como poucos a realidade de São Paulo. Sabe de suas carências e dos avanços obtidos pela atual gestão. Com larga experiência na administração pública estadual, foi um dos grandes protagonistas nos êxitos obtidos.

A sociedade civil vem se manifestando sobre a importância da continuidade das políticas públicas adotadas pelo atual governo. Por meio de manifestos, economistas, profissionais da Saúde e educadores tem se pronunciado em apoio à sua candidatura. Na reta final do primeiro turno, cresce o sentimento de que São Paulo não pode retroagir.

Na batalha paulista está em jogo o que foi conquistado com luta e sacrifício. Mas também o necessário equilíbrio entre as forças políticas e os entes federativos. A existência de um centro moderado e progressista, capaz de fazer uma oposição responsável – na hipótese de as urnas confirmarem as pesquisas presidenciais – depende em muito do desejo dos paulistas de não embarcar em aventuras.


*Hubert Alquéres é membro da Academia Paulista de Educação

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