PSDB libera Cesar Maia como vice de Freixo no Rio

Segundo interlocutores, as tratativas entre o deputado e o vereador têm avançado, e a possibilidade de uma aliança ao governo do Rio se aproxima

Marcelo Freixo e César Maia
Gustavo Schmitt - O Globo 

Embora seja um fato atípico o PSDB dividir palanque com o ex-presidente Lula, líderes da sigla não se opõem às conversas para que o vereador Cesar Maia, agora tucano, seja vice na chapa do deputado federal Marcelo Freixo (PSB) ao governo do Rio. Segundo interlocutores, as tratativas entre Freixo e Maia têm avançado nos últimos dias, e a possibilidade de uma aliança se aproxima. 

Essa articulação é bem vista pela equipe de Freixo, que busca ampliar o alcance da candidatura e vê em Cesar um administrador tarimbado, capaz de quebrar a resistência de parte do eleitorado à inexperiência do pessebista, ex-PSOL, no Executivo. Caso a chapa se viabilize, seria um caso único já que até agora o PSDB não tem candidato a governador ou vice que deva fazer composição com Lula. 

Segundo dirigentes tucanos, o deputado licenciado Rodrigo Maia, que hoje é secretário estadual no governo de São Paulo, tem total autonomia para articular uma eventual chapa Freixo-Maia. O PSDB nacional preferiu não se envolver nas negociações e acompanha o assunto à distância, mas não há risco de interferência. Isto porque o partido encolheu no Rio e esse movimento é lido como um caminho que poderia contribuir para "revitalizar" a sigla no estado. 

Para aliados, Maia tem trabalhado para ter mais interlocução num eventual governo petista, caso Lula seja eleito presidente este ano. Por outro lado, o deputado tem procurado fazer movimentos políticos demarcando sua posição contrária ao governo federal, já que ele foi alvo de ataques do bolsonarismo quando era presidente da Câmara. Uma inflexão na direção do PSB é menos radical do que seria numa aliança com o PT, dizem tucanos. Ainda assim, há militantes que criticam nos bastidores a articulação de Maia e dizem que trata-se de algo incoerente com a história da sigla. 

No entanto, tucanos experientes amenizam e afirmam que as ameaças constantes do presidente Jair Bolsonaro contra a democracia tornam mais fácil de justificar alianças mesmo com adversários históricos, como é o caso do PT e de Lula. 

A dobradinha teria caráter semelhante à composição feita para que Lula tenha o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) como vice em sua chapa. Nesse sentido, a ideia, segundo aliados, é unir forças contra o bolsonarismo, que nas eleições do Rio é representado pelo governador Cláudio Castro (PL), que busca a reeleição. 

Rodrigo Maia e o deputado Marcelo Freixo não têm comentado a negociação.

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