Por que os votos não consolidados no Sudeste podem ajudar a terceira via

São Paulo, Rio e Minas contam com candidatos competitivos que apoiam nomes alternativos a Lula e Bolsonaro; na região, 35% admite que pode mudar o seu voto 

João Doria e Rodrigo Garcia

Veja

Pesquisa Datafolha realizada em março revela que um a cada três eleitores (32%) que hoje apontam um candidato a presidente da República ainda podem mudar o voto até outubro, como mostrou reportagem de VEJA desta semana. Um dado que chama a atenção é que no Sudeste, que concentra quase metade do eleitorado, esse percentual é ainda maior: 35%. E nessa região os dois favoritos, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), não têm situações confortáveis nos três maiores colégios eleitorais: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. 

Nesse contexto, a região pode cumprir um papel decisivo numa possível mudança de cenário. Para o governo de São Paulo, Lula vê uma competição entre Márcio França (PSB) e Fernando Haddad (PT), ambos no campo da esquerda, que também são os dois líderes das enquetes estaduais. Bolsonaro, por sua vez, apoia Tarcísio Freitas (Republicanos), que terá uma dura batalha pela frente — diferente do cenário nacional, o PSDB promete ter peso na disputa com a candidatura de Rodrigo Garcia, atual governador e apoiado pela maioria das cidades paulistas (além disso, os tucanos vencem as eleições no estado há 28 anos).

A situação no Rio de Janeiro é parecida. Bolsonaro está fechado com Cláudio Castro (PL), enquanto Lula apoia Marcelo Freixo (PSB). Mas não é de se desprezar a chapa que será apoiada pelo prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes (PSD), por enquanto encabeçada por Felipe Santa Cruz. Ainda é provável que Paes feche uma aliança local com Ciro Gomes (PDT) para que Santa Cruz esteja ao lado de Rodrigo Neves (PDT), ex-prefeito de Niterói e melhor colocado nas pesquisas.

Por fim, em Minas Gerais o favorito é o atual governador, Romeu Zema (Novo), e seu principal concorrente é o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD). Até o momento, nenhum dos dois se coloca ao lado de Lula ou Bolsonaro no patamar nacional.

“A disputa imprevisível nesses estados abre possibilidades para o crescimento de candidatos alternativos ao Planalto”, avalia Carlos Pereira, cientista político e professor da FGV. Na sua visão, a competitividade de nomes regionais que apoiam presidenciáveis ainda sem protagonismo nas pesquisas nacionais são um fator favorável ao crescimento da terceira via — ainda mais em palanques importantes como os dos três maiores colégios eleitorais do país.

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