PSDB estuda possibilidade de chapa puro-sangue com Doria e Leite

Diante das incertezas do autodenominado centro democrático, ganha força, entre estrategistas do PSDB, a ideia de lançar uma candidatura totalmente tucana para o Planalto, com a dobradinha João Doria e Eduardo Leite

João Doria e Eduardo Leite

Correio Brasiliense

Nos dois dias que passou em Brasília, o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, João Doria, articulou apoios, discursou para prefeitos, recebeu lideranças políticas, mas não viu avanços na construção da terceira via. A interlocutores, o ex-governador se queixa de que, até agora, sequer foram definidos os critérios para a definição dos nomes que poderiam compor a chapa unificada. E já há sinais de defecção no consórcio do autodenominado centro democrático.

PSDB e MDB já dão como certa a saída do União Brasil das negociações. Internamente, a possibilidade de o acordo não sair já é levada em consideração pelos estrategistas da campanha tucana, que admitem o lançamento de uma chapa puro-sangue do PSDB, com Doria na cabeça e o ex-governador gaúcho Eduardo Leite como vice.

O pré-candidato ainda evita falar em dissolução do acordo da terceira via. Ele, inclusive, já listou os critérios que vai defender para a escolha dos nomes. Propõe que a chapa seja montada com base em três quesitos: posição nas pesquisas de intenção de voto, capacidade de gestão e desempenho nas pesquisas qualitativas — incluindo os índices de rejeição, desfavoráveis ao postulante tucano.

Doria participa da disputa com a legitimidade do resultado das prévias do PSDB, que o alçaram à condição de candidato oficial. É com esse cacife que ele se reaproximou de Leite, derrotado nas prévias.

Ao Correio, Doria reafirmou a crença em um acordo do centro democrático, mas admitiu a possibilidade de o PSDB seguir em voo solo e elogiou a postura do colega gaúcho. "Eduardo tem espírito partidário e isso é muito louvável", disse. Ele considera a relação dos dois como "respeitosa e cordial" e não o vê mais como adversário, apesar de uma ala do PSDB ainda apoiar o gaúcho como alternativa para a terceira via, em detrimento da pré-candidatura oficial.

Nesta semana, os dois voltaram a conversar, em Brasília, e a porta está aberta para uma composição caso Leite não se volte para as disputas eleitorais no Rio Grande do Sul.


Vice

Apesar de ter admitido, em sabatina promovida, ontem, pelo portal UOL, que não impõe condições para discutir a terceira via e não descarta, inclusive, a possibilidade de ser vice em uma chapa com a senadora Simone Tebet — pré-candidata pelo MDB —, no ninho tucano poucos acreditam nessa possibilidade.

Em outro trecho da sabatina, Doria se declarou aberto ao diálogo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Não há razão para não manter o diálogo aberto com Lula, com o PT, com os partidos de esquerda e mesmo com os partidos mais à direita", frisou.

Em relação ao presidente Jair Bolsonaro, o discurso muda. "Neste momento, é difícil o diálogo. Se Bolsonaro compreender que é preciso respeitar a Constituição, a democracia, a liberdade de imprensa, ainda que ele mantenha posições extremadas à direita, não há razão para fechar o diálogo", explicou, ressalvando que não votaria no presidente em um eventual segundo turno sem o PSDB na disputa.

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