João Doria participa da sabatina de promovida pelo UOL/Folha

Pré-candidato do PSDB afirma em entrevista que a 'prioridade deve ser o Brasil, não o indivíduo'



Pré-candidato à Presidência da República, João Doria adotou uma atitude "paz e amor", durante sabatina UOL/Folha, transmitida ao vivo hoje, e defendeu diálogo até com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e partidos de esquerda: "Não há razão para não manter o diálogo aberto com o Lula, com o PT, com os partidos de esquerda". 

De acordo com as pesquisas eleitorais atuais, Lula disputaria o segundo turno com o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL). Sobre uma possível aliança com o petista, Doria respondeu: "Só nos regimes autoritários é que não há diálogo, há imposição. O Brasil precisa preservar a sua democracia".

Sobre apoio ainda no primeiro turno com o Lula, o ex-governador afirmou: "No ponto de vista eleitoral, não. No ponto de vista partidário, de respeito à democracia, sim".



A declaração foi dada em sabatina UOL/Folha, conduzida pelo colunista do UOL Josias de Souza e a repórter da Folha Catia Seabra, com mediação da apresentadora Fabíola Cidral. Também disse que a construção da chamada terceira via ainda está em aberto. 

"É um trabalho em progressão, mas não invalida o bom entendimento entre os quatro partidos. É natural que haja situações convergentes ou não, mas o diálogo é contínuo. É um diálogo no melhor sentido para encontrar uma alternativa que possa romper polarização entre Lula e Bolsonaro", afirmou.

Entretanto, ele opinou que, por ora, o União Brasil aparenta sair dessa aliança, apresentando uma candidatura própria, com Luciano Bivar, presidente do partido, na cabeça de chapa, o que tiraria desse grupo mais da metade da verba dos fundos eleitoral e partidário. 

"O Luciano Bivar me disse ao telefone que na quarta-feira da semana que vem (4) vai apresentar a decisão do União Brasil. A tendência é caminhar sozinho. Se assim for, vamos respeitar. Mas não há ruptura. Não há conflito. Há entendimento", declarou o tucano.

Com a federação feita com o Cidadania, ele chamou esse apoio de "inseparável". Ainda negocia com o MDB, que teve o nome da senadora Simone Tebet lançado como pré-candidata. Ele disse que não se prioriza como cabeça de chapa, diferentemente do que afirmou a senadora em sabatina UOL/Folha. 

"Temos que ter o bom entendimento de que a prioridade é o Brasil, não nós. Eu não me priorizo e nem excluo nenhuma alternativa. Não estou fazendo críticas contra a Simone Tebet, mas a prioridade é o Brasil e os brasileiros", disse o tucano. 

Ele não quis comentar a decisão de comitê da ONU (Organização das Nações Unidas) a favor de Lula. O órgão de direitos humanos concluiu que o ex-juiz Sergio Moro foi parcial em seu julgamento dos processos contra o petista no âmbito da Operação Lava Jato. Ele evitou dizer se as decisões foram corretas ou equivocadas, ressaltando gostar do ex-juiz e ter respeito por ele. Agora Moro integra os quadros do União Brasil. 

"Eu não sou comitê, não sou jurista e não participo de tribunal, então não me sinto à vontade para fazer julgamento. Respeito Moro, então não faço endosso a essa postura. Minha posição não mudou em relação ao Sergio Moro, mas não sou capaz de fazer juízo sobre julgamentos que ele realizou. Aprendi a respeitar as decisões da Justiça." 

Ex-companheiro de partido, Geraldo Alckmin compõe a chapa do petista como vice para as eleições presidenciais. Doria revelou que não entende a motivação: 

"Não compreendo exatamente a razão dele estar ao lado de Lula, mas o histórico, a biografia merece respeito", afirma, citando que "a última vez que nos falamos foi em dezembro do ano passado".

Durante a sabatina, o tucano também respondeu sobre os ataques bolsonaristas que sofre durante as candidaturas: "A ação detratora dessa milícia bolsonarista foi muito pior do que falar de calça apertada, que eu carrego hoje com bastante bom humor", e acrescenta: "Prefiro ser um 'calça apertada' do que ser um corrupto, do que ser alguém que promove rachadinha". 

Mas, mesmo com Bolsonaro, por quem ele se disse enganado, ele deixou uma porta aberta. "Não daria voto. Mas o diálogo não depende do voto. Para dialogar não precisa votar. Seja para eleições ou para garantir governabilidade, romper o diálogo é só para que advoga pela ditadura", concluiu Doria.

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