Doria começa pré-campanha e busca apoio de líderes de centro para liderar terceira via

Ex-governador se reuniu com o presidente do Cidadania, Roberto Freire, e deve participar de jantar na Bahia com ACM Neto



Gustavo Schmitt - O Globo

Pré-candidato à presidência da República, o ex-governador João Doria (PSDB-SP) intensificou as articulações pelo apoio de líderes dos partidos de centro na tentativa de liderar a terceira via. Doria se reuniu nesta quinta-feira com o presidente do Cidadania, Roberto Freire, e viaja nesta noite à Bahia, onde deve participar de um jantar com lideranças locais e ACM Neto (União Brasil), que é pré-candidato ao governo estadual.

Doria tem a simpatia de Freire e busca se reaproximar de ACM, já que quer encabeçar a chapa de centro, cuja escolha do nome por PSDB, Cidadania, MDB e UB será feita no próximo dia 18 de maio.

O ex-prefeito de Salvador é secretário geral do União Brasil e tem influência na sigla, que deve indicar um nome para a composição da candidatura única até o próximo dia 14. Mas rompeu com Doria após o paulista tirar o vice-governador Rodrigo Garcia do DEM, sigla que resultou na criação do UB, e que era dirigida por ACM. Desde então, o ex-governador tem feito uma série de acenos na direção de ACM e tem contado com a interlocução de seu ex-secretário Antonio Imbassahy. Durante as prévias tucanas, ACM estreitou laços com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, cujos aliados no PSDB tentam minar a candidatura de Doria. 

O ex-governador paulista deve ter uma árdua missão com ACM. Doria precisa abrir palanques, mas ACM tem se colocado como neutro na Bahia em meio ao quadro de polarização nacional, além de trabalhar para construir o voto Lula-Neto — já que o ex-presidente Lula liderara todas as pesquisas no nordeste. O líder da bancada federal do PSDB, Adolfo Viana, é cotado para vice de ACM, mas ele foi um dos principais apoiadores de Leite nas prévias. A pessoas próximas, o ex-prefeito de Salvador tem dito que não vê solução para a rejeição de Doria - que alcança 30% dos eleitores, segundo a última pesquisa Datafolha.

O entorno de Doria sustenta que ele tem trabalhado para aplacar essa rejeição. Nos últimos meses, Doria manteve agendas positivas em São Paulo antes de deixar o governo. Ele inaugurou diversas obras, reajustou o salários dos servidores e anunciou o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes fechados em razão da queda dos índices de transmissão da Covid-19 no estado. 

Pessoas próximas ao paulista dizem que ele ainda tem tempo de reverter seu desempenho ruim nas pesquisas de intenção de voto e alegam que há uma desconexão entre a avaliação do governo de São Paulo e a imagem do ex-governador. Até adversários reconhecem isso e elogiam o advento da vacina Coronavac.

Aliados dizem ainda que as inserções nacionais do partido na TV, que devem começar no final de abril, devem ser usadas para promover os legados do governo Doria, como a vacina Coronavac, a despoluição do Rio Pinheiros, além de dados que mostram que a economia de São Paulo cresceu acima da média nacional.

Nos últimos meses, a equipe de Doria tem tentado humanizar a sua imagem e passou a usar recursos de humor para rebater ataques. Ao responder críticas de bolsonaristas, dizia que iria vaciná-los. Numa de suas peças publicitárias, Doria dizia que era chato, mas competente. Citava ainda que era chamado por bolsonaristas de "calça apertada" e "coxinha", por petistas, mas dizia que enquanto os outros procuravam apelidos, ele buscava a vacina para o país.

Na tentativa de se aproximar do povo, Doria também mudou o visual, deixou de usar gravata e terno e passou a adotar um estilo mais casual com tênis e camisa.

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