Presidente da Anvisa rebate Bolsonaro sobre suspeitas levantadas contra agência: 'se retrate'

Em nota, Antônio Barra Torres lembra que é Oficial General da Marinha e critica falas do presidente sobre vacinação de crianças de 5 a 11 anos

O presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres,

O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, rebateu o presidente Jair Bolsonaro (PL) neste sábado e pediu para que o mandatário apresente provas caso tenha informações sobre eventuais ilegalidades ocorridas na agência na liberação da vacina contra a covid-19 para crianças e cobrou uma retratação do presidente. 

"Exerça a grandeza que o seu cargo demanda e, pelo Deus que o senhor tanto cita, se retrate", escreveu Barra Torres em uma nota divulgada na noite deste sábado, em que lembrou ser general da Marinha. 

A Anvisa entrou na mira de Bolsonaro após a agência autorizar a aplicação de vacinas contra a covid-19 em crianças de cinco a 11 anos de idade, no dia 16 de dezembro. Na última quinta-feira, o presidente criticou a autorização dos imunizantes, questionando "qual o interesse das pessoas taradas por vacina".

Bolsonaro disse que os pais de crianças não devem se deixar levar pela "propaganda" e afirmou desconhecer casos de óbitos causados pela doença nessa faixa etária — apesar de dados do próprio governo mostrarem 301 mortes.

— A Anvisa, lamentavelmente, aprovou a vacina para crianças entre 5 e 11 anos de idade. A minha opinião, quero dar para você aqui: a minha filha de 11 anos não será vacinada. E você tem que ler o que foi feito ontem no Ministério da Saúde, o encaminhamento disso daí, para você decidir se vai vacinar o seu filho de 5 a 11 anos ou não — disse Bolsonaro, em entrevista à Rádio Nova, de Pernambuco.

"Se o senhor dispõe de informações que levantem o menor indício de corrupção sobre este brasileiro, não perca tempo nem prevarique, Senhor Presidente. Determine imediata investigação policial sobre a minha pessoa aliás, sobre qualquer um que trabalhe hoje na Anvisa, que com orgulho eu tenho o privilégio de integrar", rebateu o presidente da Anvisa neste sábado. 

Barra Torres ainda disse: 

"Vou morrer sem conhecer riqueza Senhor Presidente. Mas vou morrer digno. Nunca me apropriei do que não fosse meu e nem pretendo fazer isso, à frente da Anvisa. Prezo muito os valores morais que meus pais praticaram e que pelo exemplo deles eu pude somar ao meu caráter", afirmou.

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