Governo Bolsonaro recusou 3 milhões de doses de vacina contra a gripe, oferecidos pelo Butantan

Segundo diretor do Instituto, oferta foi feita há 15 dias em função do crescimento de casos de síndrome respiratória em diversas cidades do país. 

O diretor do Butantan, Dimas Covas
g1

O Instituto Butantan ofereceu 3 milhões de doses remanescentes da vacina da gripe da última campanha ao Ministério da Saúde, por conta do aumento de casos da doença em diversas cidades do país, mas não obteve resposta, disse o diretor do Instituto, Dimas Covas. 

Ainda de acordo com o diretor, a oferta foi enviada há 15 dias e segue sem retorno. 

"Oferecemos já há 15 dias 3 milhões de doses dessas vacinas que são remanescentes da última campanha. Não tivemos nenhuma resposta, não tivemos uma resposta afirmativa por parte do Ministério. Houve a solicitação do município do Rio de Janeiro, porque lá sim está ocorrendo um surto gripal do vírus H3N2 e nós doamos pra cidade do Rio de Janeiro 400 mil doses, mas temos ainda 3 milhões de doses para serem ofertadas para aqueles que precisarem", afirmou Dimas Covas, em entrevista à GloboNews nesta manhã. 

O Butantan é o principal produtor e fornecedor do imunizante para o Programa Nacional de Imunização (PNI). A campanha começou em abril deste ano e foi sendo ampliada em diversos estados para ampliar a adesão da população. 

O g1 entrou em contato com o Ministério da Saúde e aguarda retorno. 

O Instituto Butantan disponibiliza ao Brasil 80 milhões de doses da para a campanha nacional, com produção integral do imunizante e sem necessidade de importação de matéria-prima. 


Surto de gripe

Nas últimas semanas, diversas cidades alertaram para o aumento de casos de síndrome respiratória. O Rio de Janeiro contabilizou mais de 23 mil casos de gripe. 

Nesta quarta (15), a Bahia registrou o primeiro caso de morte causada por Influenza A H3N2. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde da Bahia, a vítima era uma mulher de 80 anos e residente em Salvador e não estava vacinada contra a Influenza. 

Hospitais públicos e privados da capital paulista têm registrado crescimento no fluxo de pessoas com sintomas, o que tem provocado filas e maior tempo de espera por atendimento. Em prontos-socorros municipais, pacientes afirmam que a espera pode chegar a 6 horas. 

A situação inesperada, que já é tratada pelas autoridades de saúde como uma epidemia, ocorre num momento em que as hospitalizações e as mortes por Covid-19 estão em baixa. 


Entre os fatores que ajudam a entender esse cenário, estão: 
  • relaxamento nas medidas restritivas contra o coronavírus;
  • baixa taxa de vacinação contra essa doença;
  • grande quantidade de cidadãos vulneráveis e sem imunidade contra esse patógeno.

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