Coronel da Aeronáutica afirma que blogueiro bolsonarista queria contratos de publicidade do MEC

Allan dos Santos, que mora nos Estados Unidos, está com prisão preventiva decretada e pedido de extradição expedido pelo STF

Allan dos Santos 

Ricardo Wagner Roquetti, ex-diretor do Ministério da Educação, afirmou em depoimento à Polícia Federal que o blogueiro Allan dos Santos demonstrou interesse nos contratos de publicidade da pasta no primeiro mês da gestão Jair Bolsonaro.​

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou a prisão preventiva de Allan dos Santos, do canal Terça Livre, em outubro, com base em uma representação encaminhada pela Polícia Federal. Moraes pede a extradição do jornalista, que mora nos Estados Unidos desde agosto de 2020. 

O coronel da reserva da Aeronáutica disse ter recebido uma ligação do blogueiro em janeiro de 2019. Segundo ele afirmou à PF, Allan disse que estava nos Estados Unidos ao lado do escritor Olavo de Carvalho e que queria conversar sobre os contratos do setor.

Roquetti disse ter considerado a conversa "estranha e sugeriu uma reunião formal no MEC". Duas semanas depois o encontro ocorreu no ministério, segundo ele.

"Na reunião, Allan dos Santos sugeriu que os contratos do MEC que, na visão dele, estariam com [a] 'esquerda', fossem redirecionados a pessoas 'de direita'. Allan dos Santos deixou explícito que estaria atuando por orientação de Olavo de Carvalho", disse o ex-diretor do MEC à PF no inquérito sobre as milícias digitais.

Ele afirmou à PF que o blogueiro "abordou um interesse específico nos contratos da comunicação social do MEC".

Roquetti afirma ter esclarecido Allan sobre o processo de participação em contratos e que deveria respeitar os processos de governança e transparência.

O ex-diretor do MEC diz também que o blogueiro lhe procurou para avaliar um projeto do Instituto Hugo de São Vítor, do Rio Grande do Sul, no ensino de artes liberais para jovens de baixa renda. Ele disse que o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) fez uma visita ao local, mas que o projeto não evoluiu no período em que ele estava no cargo.

O coronel disse ter conhecido Allan em dezembro de 2018, na época da transição de governo, num jantar organizado pela deputada Bia Kicis (PSL-DF).

Segundo Roquetti, sua exoneração ocorreu em março de 2019 após pedido do presidente Jair Bolsonaro. A demissão ocorreu após ataques de Olavo de Carvalho a militares que integravam o governo na ocasião.

Fonte: Folha.com

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