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Grupo paulista do PSDB garante dianteira das prévias no partido a Doria

Peso de SP na disputa interna confere vantagem a governador

Governador de São Paulo, João Doria

Sérgio Roxo - O GLOBO

O governador de São Paulo, João Doria, larga em vantagem na disputa das prévias para escolher o candidato do PSDB à Presidência, segundo análise da composição dos integrantes do colégio eleitoral tucano. Isso se deve ao peso que o estado de São Paulo tem nos quatro grupos que podem votar na eleição interna, de acordo com regras aprovadas na semana passada pela direção da legenda. Apesar da vantagem inicial, para concretizar seu plano de ser candidato, Doria precisará superar o isolamento enfrentado dentro da sigla. Um caminho para garantir a escolha do seu nome é conquistar o apoio fechado de, pelo menos, mais cinco estados.

Pelas regras aprovadas pela executiva nacional do partido, os votantes das prévias tucanas serão divididos em quatro grupos e cada um deles terá participação de 25% na apuração final. Fazem parte da divisão: filiados (grupo 1); prefeitos e vice-prefeitos (grupo 2); vereadores, deputados estaduais e distritais (grupo 3); e governadores, vice-governadores, senadores, deputados federais, presidente e ex-presidentes da executiva nacional (grupo 4).

Se todos os representantes de São Paulo, em cada um dos grupos, votassem no mesmo candidato, o estado teria 24,2% de presença no colégio eleitoral. Os outros três concorrentes de Doria largam de patamares menores num cenário em que também contem com a adesão de todos os seus conterrâneos. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ficaria com 5,6% dos votos neste panorama. O senador Tasso Jereissati (CE) teria 3,2%, enquanto o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio apareceria com 1,1%.


A tabulação do colégio eleitoral do PSDB foi feita por um tucano conhecedor dos meandros do partido e leva em conta dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), seja para filiados ou ocupantes de cargos eletivos. Saídas ou entradas na legenda de detentores de cargos sem exposição pública (vereadores, prefeitos de cidades pequenas e deputados estaduais) não foram computadas.


União de adversários

Para vencer as prévias, são necessários mais de 50% dos votos. Num segundo turno, a expectativa é que os adversários se unam contra o governador de São Paulo. Desde que começou a se movimentar para se colocar como presidenciável, Doria colecionou desavenças e sofre com isolamento interno. Na bancada de deputados federais, por exemplo, praticamente apenas os parlamentares paulistas o apoiam.

Se levada em consideração não só o peso do estado, mas também a posição política que vem sendo manifestada por lideranças na disputa interna, um caminho possível para Doria seria buscar o apoio fechado de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraíba e Paraná. Nesses locais, há eleitores suficientes para passar os 50% dos votos e não há lideranças que se manifestaram publicamente contra o governador paulista até agora, o que indica que há espaço para atrair a simpatia dos eleitores para um nome em comum.

A composição poderia ser mais fácil se Doria tivesse chance de obter, por exemplo, a adesão de Minas, que tem 12,4% de participação no colégio eleitoral. Mas o principal líder local é o deputado federal Aécio Neves, adversário ferrenho do governador paulista.
Peso de filiados

A tabulação da composição do colégio eleitoral do PSDB também mostra que o esforço dos aliados de Doria para que os filiados tivessem mais peso no cômputo geral dos votos não tinha como base os números oficiais. Paulistas representam apenas 20,2% do total de tucanos registrados na Justiça Eleitoral. Tucanos acreditavam que a porcentagem era maior.

Já os prefeitos e vice-prefeitos, que fazem parte do grupo 2 do colégio eleitoral, de São Paulo equivalem a 28,8% do total. Em tese, é mais fácil para o governador abrir vantagem sobre seus adversários nesse segundo grupo. Os dados do TSE ainda apontam que o total de filiados é inferior ao 1,3 milhão estimado pela direção nacional. Pelos números oficiais, são 658.485 registrados formalmente na sigla.

Outro dado curioso é que Santa Catarina, um estado sem lideranças tucanas de atuação nacional, tem o segundo maior número de filiados: 51,3 mil, ou 7,8% do total. São Paulo tem 133 mil filiados. Historicamente, a participação dos filiados em prévias costuma ser pequena. Em 2018, quando Doria foi escolhido candidato do PSDB a governador, apenas 14 mil dos filiados compareceram para votar. Uma baixa participação pode mexer com as projeções.

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