Governo do Estado e prefeituras de São Paulo não vão desobrigar o uso de máscaras

Governadores do Nordeste e Centro-Oeste também reforçam a importância e obrigatoriedade da proteção facial para conter disseminação do coronavírus

O secretário de Desenvolvimento Regional do Estado, Marco Vinholi


Adriana Ferraz e José Maria Tomazela, O Estado de S.Paulo

O governo do Estado de São Paulo e prefeitos dos municípios paulistas rejeitaram ontem a possibilidade de abdicar da obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção facial como forma de prevenção da covid-19. Eles reafirmaram a importância do objeto, cujo uso deve ser exigido até que a população esteja totalmente vacinada.

O governo paulista se posicionou no sentido de fazer cumprir o decreto estadual 64.959/2020 que estabelece o uso geral e obrigatório de máscaras. O secretário de Desenvolvimento Regional do Estado, Marco Vinholi, disse que, independentemente de qualquer decisão federal, a orientação é para que os prefeitos paulistas continuem exigindo o uso da proteção facial. "Nós aqui vamos pela medicina e pela ciência. Nossa orientação aos prefeitos é que preservem a vida da população e sigam com a utilização da máscara", disse.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), participou ontem de evento com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na capital paulista. Ao lado do auxiliar do governo Jair Bolsonaro, Nunes descartou a possibilidade de liberar a circulação da população sem máscaras. "Em hipótese nenhuma o uso da máscara será desobrigado na cidade de São Paulo. A máscara, está cientificamente comprovado, ajuda a reduzir a transmissão", afirmou.

O prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos) disse que não vai suspender o uso de máscaras no município, mesmo que o governo federal decida nesse sentido. "Campinas tem decreto que obriga o uso de máscara e multa de R$ 100 pelo descumprimento. Esse decreto não será alterado, independentemente de qualquer posicionamento do governo federal", afirmou.

A assessoria do prefeito de São José dos Campos, Felício Hamuth (PSDB), disse que a cidade segue a lei estadual que obriga todos a usarem máscara. "A proposta do presidente ainda é só uma proposta, não há nada de concreto. São José vai seguir o que o Estado (governo estadual) determinar", disse, em nota.

Em Santos, nada vai mudar, informou o município em nota. "A prefeitura de Santos informa que o uso de máscaras em locais públicos é obrigatório desde 1º de maio de 2020. Não houve qualquer flexibilização quanto a esta obrigatoriedade e a administração municipal prossegue com fiscalização em locais de maior trânsito de pessoas, sob pena de multa de R$ 300 no caso de recusa na utilização do acessório."

A secretaria municipal de Saúde reforçou que nenhuma vacina previne 100% de adquirir a covid-19, embora os imunizantes sejam importantes para diminuir casos graves, internações e óbitos. "Quem já adquiriu a doença também se encontra exposto, inclusive a variantes mais agressivas", afirma a nota.

A pasta lembra que o vírus segue em circulação e a taxa de ocupação de leitos de UTI no município é considerada alta (72%). "Não é momento de baixar a guarda, mesmo com cerca de 40% da população vacinada. Manter os cuidados preventivos (vacina, máscara, higienização, evitar aglomerações) é o melhor caminho. É importante destacar que a doença é extremamente agressiva e que a disponibilidade de leitos não garante sobrevida: 60% das pessoas que internam em UTI são intubadas. Das intubadas, 80% vão a óbito."

Prefeito de São José do Rio Preto, Edinho Araújo (MDB) disse que o decreto de abril de 2020 que obriga o uso de máscara no município está "rigorosamente" em vigor na cidade. "O município foi também um dos primeiros a obrigar o uso de máscara no transporte público no início da pandemia. Além da máscara, o distanciamento social, álcool em gel e evitar aglomerações são medidas de prevenção que serão mantidas como forma de se evitar a covid-19. Enquanto a vacina não chega para todos, estas são as medidas necessárias", afirmou.

O prefeito de Jundiaí, Luiz Fernando Machado (PSDB) disse ser favorável a todas as medidas de prevenção à covid-19, como o uso da máscara. "É o meu desejo e, certamente, da maioria dos brasileiros que possamos nos ver livres da máscara o mais breve possível. No entanto, governar também é dizer não a medidas simpáticas, para priorizar o bem comum", disse.

Jundiaí mantém em vigência o decreto municipal 28.985, publicado no ano passado, que recomenda o uso permanente de máscaras faciais, artesanais ou não, para proteção contra o coronavírus. "Nós poderemos tirar a máscara quando houver um impacto da vacinação sobre a circulação do vírus", avaliou o prefeito.

O prefeito de Limeira, Mario Botion (PSD), disse que vai manter a obrigatoriedade do uso de máscaras no município. "Limeira segue o decreto estadual que obriga o uso de máscaras e também um decreto municipal com esse mesmo teor. Isso como forma de seguir regras sanitárias recomendadas pela ciência", disse, através da assessoria.

A prefeitura de Ribeirão Preto informou que segue as orientações do Comitê de Contingenciamento contra a Covid-19 em manter todos os protocolos de prevenção contra a doença, incluindo o uso de máscara em locais públicos, "até que grande parte da cidade esteja vacinada". O uso obrigatório de máscara foi instituído em abril de 2020 na cidade.
Cidade com 100% da população adulta vacinada manterá máscara

Mesmo com praticamente toda a população maior de 18 anos vacinada contra a covid-19, devido ao projeto de avaliação da vacina Coronavac desenvolvida pelo Instituto Butantan, a prefeitura de Serrana vai continuar exigindo o uso de máscara.

"Mesmo com todo o município vacinado com o projeto S, do Butantan, estamos seguindo o Plano São Paulo, preconizando também todos os protocolos de segurança sanitária. Como as cidades vizinhas não estão com a vacinação bastante avançada, nós aqui no município continuamos orientando e fiscalizando quanto ao uso de máscara e o distanciamento social. É super importante unir, nesse momento, a vacinação com protocolo sanitário", disse o prefeito Léo Capitelli (MDB).

Já a prefeitura de Botucatu, cidade que também vacinou toda a população adulta com a vacina Oxford/AstraZeneca, mantém a obrigatoriedade no uso da máscara, mas afirma que essa medida pode ser revista posteriormente. "Essa é uma situação que será avaliada somente após a segunda dose da vacinação em massa no município, levando em conta o cenário epidemiológico", disse, em nota. A segunda dose será aplicada em agosto, devendo imunizar 75,5% dos 148 mil moradores.
Para governador, liberar uso de máscara é 'jogar querosene no incêndio'

O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), comparou a proposta do presidente Jair Bolsonaro de liberar o uso de máscara a vacinados e pessoas que já tiveram o vírus a "jogar querosene em incêndio". Presidente do Consórcio Nordeste e coordenador do tema vacina no Fórum Nacional de Governadores, Dias disse que a transmissibilidade do vírus da covid-19 ainda é alto no país. "É como estarmos no meio de um incêndio de grandes proporções, todo mundo trabalhando para apagar esse incêndio e chega alguém e diz: 'joga querosene'", afirmou.

Também o governador da Bahia, Rui Costa (PT), criticou a proposta de Bolsonaro em evento público, nesta sexta-feira, 11. "Num momento em que a maioria dos Estados está com mais de 80% de lotação de UTI, o presidente da República falar em retirar máscara é ser alguém que não tem absolutamente nenhuma sensibilidade com a dor e a vida humana. É algo que eu não consigo entender. Foge de qualquer racionalidade alguém que representa um país com esse comportamento", disse.

Já o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), lembrou que o Estado vive uma explosão de casos de covid-19 e as medidas preventivas e de isolamento social estão sendo endurecidas. "Temos lei específica obrigando o uso de máscaras em locais públicos. A nossa posição é de ignorar tal afirmação (do presidente) e continuar seguindo a orientação da ciência no combate ao coronavírus. Neste fim de semana, passam a valer duras regras de mobilidade para tentarmos estancar a explosão de casos em Mato Grosso do Sul", disse.

Comentários

  1. Não. Podemos. Aceitar. Nada. Desse. Presidente. Louco. Ele. Tem. Que. Ser. Afastado. E. Preso. Nos. Brasileiros. Estamos. Correndo. Perigo. Com. Ele. Souto. Só. Deus. Para. Nos. Proteger. #Fora Bolsonaro. Cadeia. Já. JUDICIÁRIO. Prenda. Esse. Louco. Urrgentemente

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