Vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia se filia ao PSDB

Em seu discurso, Garcia relembrou sua biografia e agradeceu Alckmin, momento em que foi aplaudido

O presidente estadual do PSDB, Marco Vinholi, o presidente nacional, Bruno Araújo, o governador João Doria e o vice, Rodrigo Garcia

O vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, 47, deixou o DEM e assinou sua ficha de filiação ao PSDB nesta sexta-feira (14), em um evento presencial num hotel da zona sul da capital, com a presença dos principais líderes do PSDB.

O ato reuniu cerca de cem pessoas e, devido à pandemia, teve participação de tucanos também pela plataforma Zoom. As cadeiras foram colocadas de modo espaçado e os presentes usavam máscara.

Em seu discurso, Garcia relembrou sua biografia e agradeceu Alckmin, momento em que foi aplaudido.

Eu queria fazer um registro especial ao Geraldo Alckmin, que foi alguém importante para as oportunidades que eu tive. [...] Ter gratidão é um exercício bom de simplicidade e humildade, muito obrigado, Geraldo.

Ao deixar o DEM após 27 anos, ele afirmou ter respondido a uma convocação do PSDB e se disse político por acreditar "na política como instrumento de transformação".

"Não estou sentido que estou fazendo uma mudança, mas uma migração. PSDB e DEM estiveram juntos a vida inteira. [...] Essa migração se torna muito natural. [...] Não estou mudando de lado, de território na política", disse Garcia.

O vice-governador afirmou ainda que, no PSDB, continuará combatendo o negacionismo e o populismo e exaltou a vacina como a principal realização do governo.

​Doria, que busca ser candidato ao Planalto por meio de prévias no PSDB, afirmou que é preciso "respeitar a experiência, mas inovar com os mais jovens", em referência direta a Garcia.

"Respeitar os que têm cabelos brancos, experiência, vivência. [...] Pessoas com mais idade não devem ser descartadas e muito menos desrespeitadas. Devem ser convidadas a dialogar, a participar, a oferecer suas experiências, mas com a presença dos mais jovens, como você, Rodrigo", disse.

"Sem demérito e nenhum desrespeito ao DEM. [...] Mas viva a inovação, transformação, viva a inovação, viva Rodrigo no nosso PSDB", completou.

Doria, que defende um modelo de prévias com o mesmo peso de votos a todos os filiados, o que lhe favorece, agradeceu os militantes do partido e deu esse recado ao falar de democracia. "Todo voto é um voto. Não há privilégio do mais sabido, do mais rico, do mais poderoso, de quem tem a biografia maior do que outro que não tem. Todos são iguais perante a democracia."

Doria afirmou ainda que todos os tucanos que foram governadores "fizeram o melhor". "A todos que foram governadores desse estado do PSDB, nosso reconhecimento e nossa homenagem", completou.

Em dado momento, afirmou: "É assim que continuarão a fazer os tucanos, juntos, solidários, coletivos, sem individualismo, sem arrogância, sem estresse".

Ele também criticou o governo federal em relação à pandemia e exaltou a vacina. "Para adefender a vida, a existência, nós enfrentamos o que for e quem for", disse,

Estavam presentes na cerimônia, além de Doria, o presidente do PSDB, Bruno Araújo; o tesoureiro do PSDB, Cesar Gontijo; o ex-senador José Aníbal (SP); o presidente da Assembleia de SP; Carlão Pignatari; o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando; deputados federais e estaduais e os presidentes do PSDB estadual, Marco Vinholi, e municipal, Fernando Alfredo.

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), que está afastado do cargo para tratamento de câncer, não compareceu, mas recebeu a visita de Garcia no hospital na quinta-feira (13) e assinou sua ficha de filiação.

"O momento do Brasil demanda de todos nós espírito público, unidade, agregação. Somar e não dividir. Não deixar nenhum interesse pessoal sobrepujar o interesse coletivo. Receber em nossos quadros o vice-governador Rodrigo Garcia sinaliza exatamente isso. [...] Foi aliado do meu avô, foi aliado de Geraldo Alckmin, foi aliado de Serra. [...] Nada mais natural do que se juntar a nós nessa caminhada", afirmou Covas em discurso enviado ao evento.

Vinholi afirmou que o PSDB fez uma convocação a Garcia e ressaltou a renovação e a união do partido —espécie de resposta velada ao racha com Alckmin. "O Rodrigo entra no PSDB pela porta da frente", disse Alfredo.

Participaram ainda políticos do PSL, Solidariedade, MDB e PP. Em isolamento, os senadores paulistas José Serra e Mara Gabrilli e o ex-senador Aloysio Nunes enviaram representantes ao evento.

Aníbal e Covas fizeram críticas ao governo de Jair Bolsonaro em suas falas. O prefeito afirmou que o presidente "vem desdenhando da vida e da saúde dos brasileiros". O ato teve mais de 20 discursos de tucanos.

Para demonstrar que Garcia é bem-vindo no PSDB, houve uma reunião, na quarta (12), entre o vice e dirigentes regionais do partido da capital e, na quinta, um jantar com a cúpula tucana do estado.

“Diante de uma crise de quadros no país, a chegada de Garcia é uma grande aquisição. É raro alguém que tenha a experiência no Executivo em distintas pastas e a qualidade política que ele tem”, afirmou Araújo à Folha. ​Seu discurso foi repleto de elogios a Garcia e Doria.

A saída de Garcia provocou abalos no DEM, que vive uma crise com as desfiliações também do prefeito do Rio, Eduardo Paes (que vai para o PSD), e provavelmente do deputado Rodrigo Maia (RJ). Maia chamou ACM de oportunista após a declaração contrária à Doria.

A ala estadual do partido em São Paulo mantém o apoio a Doria e Garcia, apesar da expectativa frustrada de que o atual governador apoiasse seu vice em uma candidatura ao Bandeirantes lançada pelo DEM.

Desde 2002, o DEM (antigo PFL) compõe a coligação vitoriosa do PSDB ao Governo de São Paulo. A aliança nacional entre os dois partidos vem desde 1994.

Como o presidente do DEM em São Paulo, deputado federal Alexandre Leite, já disse à Folha, Garcia, ao migrar, faz “um sacrifício que merece respeito”. “Garcia está indo cumprir uma missão para o DEM e pessoalmente para o Doria, resolver um problema de composição do Doria, que, se não for resolvido, vai prejudicar o DEM”, afirmou.

Fonte: Folha.com

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