'O governo da esperança é ambiental e social', artigo de João Doria

Para que o Brasil mude de patamar e se torne uma nação efetivamente desenvolvida, é preciso deflagrar, imediatamente, uma governança ambientalmente sustentável, socialmente responsável e de reconhecido padrão ético

O governador de São Paulo, João Doria

O mundo que virá depois da pandemia tornará o governo Bolsonaro ainda mais anacrônico. A ascensão da China, o projeto de investimentos do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e a emergência climática prenunciam uma agenda muito diferente da que vivemos nestes dois anos no Brasil. Para se alinhar com o desenvolvimento mundial, não basta ser uma economia de mercado, com instituições democráticas, liberdades públicas, responsabilidade fiscal e programas mínimos de proteção social. Esses pilares continuam sendo fundamentais. Mas novas prioridades e políticas públicas são necessárias. É o caso das iniciativas derivadas do conceito ASG: Ambiental, Social e Governança, novo padrão adotado pelas maiores empresas do planeta.

Para que o Brasil mude de patamar e se torne uma nação efetivamente desenvolvida, é preciso deflagrar, imediatamente, uma governança ambientalmente sustentável, socialmente responsável e de reconhecido padrão ético. Construir as bases do conceito ASG significa reinserir o Brasil no cenário mundial.

Grandes transformações acontecerão rapidamente, nos próximos dez anos, na indústria, na agricultura, no consumo das famílias e nas cidades. Temos a oportunidade de nos antecipar a esse choque de cultura. O Brasil não pode seguir repetindo os mesmos erros, sob pena de permanecermos cada vez mais distantes do desenvolvimento mundial.

Na Governança, precisamos concretizar uma ampla reforma tributária. Existem ótimas propostas no Congresso, mas o governo Bolsonaro tenta criar uma para chamar de sua — e ela não resolve o problema. Uma boa governança nos impostos, igualando o Brasil aos melhores padrões do mundo, pode gerar um incremento de até 20% do PIB em 15 anos. Porque um sistema transparente estimula investimentos e negócios, combate a improdutividade da burocracia, reduz o conflito tributário e gera arrecadação segura.

No Social, é imprescindível a unificação dos programas, economizando na duplicidade de custos administrativos e valorizando as contrapartidas de educação e trabalho. Em São Paulo, teremos o Bolsa do Povo, programa social unificado de São Paulo, aprovado pela Assembleia Legislativa em tempo recorde. Ele remunera o estudo de jovens carentes e também estimula pais que dediquem parte de seu tempo às escolas, entre outras medidas.

A maior pressão externa, no entanto, se dará na área ambiental — e o Brasil precisa de uma virada que transforme os atuais problemas em solução. Como base desse debate, temos de entender que o meio ambiente é patrimônio das gerações futuras e que o desenvolvimento sustentável gera benefícios sociais e econômicos.

Essa tem sido a visão do governo de São Paulo. O caso mais simbólico é o projeto de despoluição do rio Pinheiros. Ele é exemplo dos resultados produzidos por uma política ASG: Ambiental, Social e de Governança. Mais de 240 mil imóveis, em áreas carentes, foram ligados à rede de saneamento. No final do próximo ano, serão mais de 500 mil imóveis, beneficiando mais de três milhões de pessoas. E teremos o Rio Pinheiros limpo e despoluído.

O Pinheiros voltará a abrigar vida aquática, suas margens se tornarão um parque linear com duas lindas ciclovias. Ambos os projetos já estão em implantação. Pelo lado da governança, concedemos à iniciativa privada o direito de transformar os quase 30 mil metros quadrados da Usina São Paulo num espaço multicultural e de lazer, com bares, restaurantes, cafés, academia, lojas, museu, mirante e o maior cinema ao ar livre da América Latina.

São Paulo oferece bons exemplos de agrossustentabilidade e desenvolvimento com respeito ao meio ambiente. Completamos duas décadas de desmatamento zero na Mata Atlântica. Nos últimos anos, aumentamos de 18% para 23% a cobertura vegetal do estado. Agora, iniciamos a recuperação de 800 mil hectares de áreas preservadas. E vamos elevar a cobertura vegetal para 26% nesta década.

Coibimos as queimadas. Incentivamos uma agricultura cada vez mais tecnológica. O primeiro unicórnio do agro, nome dado às startups que alcançam valor de mercado de US$ 1 bilhão, sairá de São Paulo, talvez ainda neste ano. Temos um ecossistema para as Agtechs desenvolvido nos moldes do Vale do Silício, com parcerias entre universidades, empresas e governo. O agro tecnológico e sustentável adota novas práticas, que elevam o sequestro de carbono, contribuindo para redução do efeito estufa.

O Brasil precisa de um renascimento após tantos erros de gestão. Vida, trabalho e esperança nos movem na busca de um futuro com esperança, proteção ambiental e social.


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