PSDB deve eleger mais um presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo

Carlão Pignatari (PSDB), atual líder do governo, é o favorito para presidir a Alesp

Carlão Pignatari (PSDB), líder do governo Doria

O atual líder do governo João Doria (PSDB), Carlão Pignatari (PSDB), deve ser eleito presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) nesta segunda-feira (15), com a missão de enfrentar a pandemia que atinge recordes.

Deputados estimam que Pignatari tenha mais de 60 votos entre os 94 parlamentares, o que garante uma vitória em primeiro turno (são necessários 48 votos) e praticamente enterra as chances dos demais candidatos —Major Mecca (PSL), Carlos Giannazi (PSOL) e Sergio Victor (Novo).

É praticamente certo que outro político próximo ao governador, como é Pignatari, se sucederá ao atual presidente Cauê Macris (PSDB), um aliado de Doria. Com isso, o tucano manterá a maioria governista e a grande influência sobre a pauta da Assembleia. 

Com o estado em fase emergencial de restrições na pandemia, a Assembleia prepara um esquema especial para a votação, que obrigatoriamente é presencial segundo o regimento. Na segunda, os deputados poderão votar no plenário e se ausentar em seguida —não será obrigatório acompanhar toda a votação no local.

O primeiro grande teste do novo presidente no plenário tende a ser a votação do afastamento do deputado Fernando Cury (Cidadania), flagrado pelas câmeras da Casa apalpando a colega Isa Penna (PSOL) no plenário em dezembro.

O Conselho de Ética da Casa, em uma derrota para Isa, aprovou a suspensão de Cury por 119 dias —a proposta do relator Emidio de Souza (PT) era de seis meses. A deputada quer reverter a situação no plenário, pleiteando punição mais severa e até a cassação.

Na quinta (11), Macris deu seguimento à tramitação, encaminhando o caso novamente ao Conselho de Ética, que, segundo o regimento, é o responsável por elaborar o projeto de resolução a ser votado no plenário.

Deputados de esquerda e próximos a Isa acreditam que Pignatari não será empecilho para a votação célere da punição no plenário, embora tenham visto ação e pressão governista na votação do conselho que favoreceu Cury —algo que os parlamentares envolvidos negam.

Isa já disse ter boa relação com Pignatari e afirma que o deputado foi um dos primeiros a se solidarizarem com ela no dia do assédio.

Além das questões da Casa, há ainda os projetos de interesse do governo —como reformas, cortes e outras medidas diante da crise econômica e sanitária. O primeiro a ser votado na próxima gestão deve ser o programa bolsa-trabalho, enviado por Doria à Assembleia neste mês e que oferece auxílio de R$ 450 por até cinco meses para desempregados.

Os três candidatos de oposição admitem não terem chance diante do favoritismo de Pignatari, mas apontam a importância de lançarem suas candidaturas para marcar posição e discutir propostas.

A deputada mais votada da Casa, Janaina Paschoal (PSL), fez um apelo nesta semana para que deputados descontentes com o governo Doria unam forças na Assembleia e declarou seu voto na chamada "chapa da resistência", composta por Mecca e por Coronel Telhada (PP) para a 1ª Secretaria.

Mesmo que houvesse chapa única contra Pignatari, no entanto, o quadro seguiria favorável para o governo. Mecca deve obter cerca de 20 votos —parte da bancada do PSL ainda fiel ao presidente Jair Bolsonaro e outros deputados de direita que fazem oposição a Doria, como os integrantes do grupo suprapartidário PDO (Parlamentares em Defesa do Orçamento).

Giannazi e Sergio Victor dificilmente irão além da própria bancada, com quatro votos cada um. O cenário é semelhante ao de 2019, quando Macris teve 70 votos, ​Janaina chegou a 16, Mônica Seixas (PSOL) e Daniel José (Novo) tiveram quatro votos cada.

A majoritária base do governo tucano contará ainda, como tem sido tradição na Assembleia, com os votos do PT (a segunda maior bancada, com 10 parlamentares) para eleger Pignatari. No acerto entre PT e PSDB, os petistas ficam com a 1ª Secretaria —o nome indicado é o de Luiz Fernando (PT). Rogério Nogueira (DEM) deverá ser o 2º secretário.

A novidade de 2019, que se repete neste ano, é o surgimento de uma oposição de direita a Doria, organizada em uma chapa própria —mas não suficiente para derrotar o tucanato.

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