'Não temos nada a comemorar, temos que chorar', diz Doria sobre golpe de 64

"Vivi dois anos da minha vida no exílio com minha mãe e meu irmão", disse Doria 




O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), criticou as intenções de comemoração do golpe militar de 1964, proposto pelo novo ministro da Defesa, general Walter Braga Netto para esta quarta-feira (31).


Amanhã (1º), faz 57 anos que o ex-presidente João Goulart foi deposto pelo Exército para a instauração de uma ditatura militar que durou 25 anos. Segundo o paulista, filho de um deputado cassado pelo regime, "temos que chorar os mortos". 

Considero uma afronta a carta do general Braga Netto propondo a celebração de um golpe militar que vitimou milhares de brasileiros não só da política, da cultura, da sociedade civil, jornalistas. Portanto, nós não temos nada a comemorar sobre o golpe de 64. Nós temos é que chorar os mortos e os viciados por essa ditadura militar.

João Doria, governador de São Paulo


Na tarde de ontem, Braga Netto, recém-anunciado para assumir a Defesa, escreveu uma pedindo a comemoração do golpe militar para esta quarta (31). 

"O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março", escreveu o general na Ordem do Dia. 

No texto, há ainda uma mentira histórica, difundida pelo regime, visto que o ex=presidente João Goulart foi deposto em 1º de abril de 1964 - não 31 de março. 

De acordo com a Comissão da Verdade, instaurada em 2011 pela gestão de Dilma Rousseff (PT), foram cerca de 500 mortos e desaparecidos políticos pelo regime, milhares de exilados e cerca de 20 mil torturados pelo Estado, segundo a organização internacional Human Right Watch. 

"É muito triste, depois de tantos anos, termos uma manifestação dessa natureza. O Brasil não tem nada a comemorar", completou o governador. 

O governador paulista é filho do ex-deputado federal e publicitário João Agripino da Costa Doria Neto (então PDC), que teve seu mandato cassado e os direitos políticos suspensos após o golpe militar e partiu para Paris, onde viveu por dez anos. "Vivi dois anos da minha vida no exílio com minha mãe e meu irmão", disse Doria. 

Ele recebeu a imprensa no Instituto Butantan nessa quarta (31) para o envio de mais 3,4 milhões de doses da CoronaVac, produzida pelo órgão paulista junto à chinesa Sinovac, ao Ministério da Saúde. Ao todo, foram entregues 36 milhões de doses à União.

Fonte: Lucas Borges Teixeira - UOL

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