'Escolas de portas abertas', artigo de Fernando Padula

Retomada das aulas, com 1 milhão de alunos, é desafio intenso e nobre

O secretário municipal de Educação de São Paulo, Fernando Padula

Folha de S.Paulo

Reabrir as escolas depois da longa restrição imposta pela pandemia é responder a um desafio complexo: zelar pela aprendizagem e pelo desenvolvimento dos alunos sem ameaçar seu direito à vida e à saúde. Mas nós, da rede municipal de São Paulo, com os nossos 120 mil profissionais e 4.000 unidades de ensino, renovamos nosso compromisso com a escola pública para receber mais de 1 milhão de alunos a partir desta segunda-feira (15). Com segurança e responsabilidade.

A pandemia já nos deixou como “legado” um alto custo individual e social decorrente do impedimento para que a escola pública cumpra seu papel, que nunca foi restrito à aprendizagem, mas como um organismo vivo das comunidades, um polo de acolhimento e de multiplicação de cultura, esporte e educação. Se não tivermos coragem de enfrentar a necessária retomada, corremos o risco de estar zelando pela saúde em detrimento do futuro dessas gerações.

Entramos nesse período de pandemia no susto, mas vamos sair com diálogo, planejamento e organização. Esse é o tripé que ancorou a organização de cada uma das escolas nos últimos meses. Uma grande consulta que fizemos à comunidade escolar mostrou que a expressiva maioria dos pais pretende enviar seus filhos à escola.

Professores e funcionários retomaram o ano letivo em 1º de fevereiro para um período de duas semanas de acolhimento da equipe e planejamento. Os trabalhadores do grupo de risco, com mais de 60 anos ou com comorbidades, não voltam neste momento às atividades presenciais: continuarão no teletrabalho, realizando as atividades pedagógicas online. Nas salas de aula, contaremos com novos professores para as atividades presenciais.

É natural que as pessoas se sintam inseguras. Ouvindo sempre a saúde, gradativamente, em conjunto com pais e profissionais da educação e vigilância sanitária manteremos um ambiente seguro para essa retomada. Faremos essa volta não obrigatória aos alunos, com 35% da capacidade da escola, em sistema de rodízio. Alunos que não puderem retornar farão as aulas remotas. Como sabemos das dificuldades de uma parcela dos estudantes, serão fornecidos 465 mil tablets com chip para o acompanhamento das atividades remotas e notebooks para os professores.

A Prefeitura de São Paulo se preparou para a volta. Investiu R$ 2,7 bilhões para a reforma de 552 escolas e a compra de 760 mil kits de higiene, que já estão nas unidades, além de 6.200 termômetros, EPIs (equipamentos de proteção individual) necessários, treinamento e formação.
Para garantir a segurança alimentar de milhares de crianças e jovens, o prefeito Bruno Covas (PSDB) determinou que o fornecimento do cartão-merenda seja mantido até que a rotina em todas as escolas seja totalmente restabelecida.

O desafio que se coloca é intenso, mas a razão que nos move é nobre. Acreditamos profundamente no compromisso e na capacidade técnica dos nossos profissionais para entregar à sociedade a melhor resposta possível neste momento: a garantia dos direitos básicos dos nossos jovens à escola é parte fundamental disso. Voltamos distantes, mas voltamos juntos!

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