Governador de Goiás diz que ministro da Saúde irá confiscar vacinas produzidas ou compradas por estados

Após declaração, Doria criticou a postura de Caiado: 'insanidade de Bolsonaro foi adotada por Caiado'

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado e o presidente Jair Bolsonaro

Vanessa Martins - G1 

O governador Ronaldo Caiado (DEM) publicou em suas redes sociais, nesta sexta-feira (11), que o Ministério da Saúde (MS) deve editar uma Medida Provisória para "tratar dessa centralização e distribuição igualitária das vacinas". O anúncio foi feito após uma visita de Eduardo Pazuello a Goiânia, em que acompanhou a inauguração da Maternidade Célia Câmara.

Após a publicação de Caiado, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o criticou para a jornalista Natuza Nery:

"A insanidade de Bolsonaro foi adotada por Caiado. Triste o país que tem homens públicos que pensem assim. Negando a pandemia, promovendo a discórdia e abandonando seu povo”, afirmou.

O G1 pediu um posicionamento ao MS sobre a declaração de Caiado e aguarda retorno.

Durante o evento de inauguração de uma maternidade na capital goiana, Pazuello afirmou que "a pandemia não acabou". O anúncio foi feito um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmar que o Brasil vive um "finalzinho de pandemia".

"A pandemia não acabou. Ela prossegue, vamos conviver com o coronavírus. Vamos chegar próximo a uma normalidade quando tivermos as vacinas, os antivirais que combatem efetivamente a doença", disse Pazuello em evento em Goiânia.

Publicação do governador de Goiás Ronaldo Caiado (DEM) após visita de Eduardo Pazuello a Goiânia 

Apesar de Caiado defender a centralização das vacinas com o MS, o prefeito de Hidrolândia e presidente da Associação Goiana dos Municípios (AGM), Paulo Sérgio Rezende, foi a São Paulo com a intenção encomendar doses da Coronavac.

"A vinda a São Paulo é para protocolar o ofício junto ao diretor do Butantan para que seja atendido, assim que seja liberado a vacina através da Anvisa, para que cada município que quiser adquirir a vacina, se tiver condições financeiras, entrar na fila", disse.

A atitude foi reprovada pelo governador de Goiás, que defende que a produção das doses é do governo federal.

“De repente, demagogicamente, o presidente da Associação Goiana dos Municípios diz que está fazendo também um agrupamento de prefeitos para solicitar a compra. Mas comprar o que, da onde, de quem, se a produção do Butantan não é de São Paulo, a da Fio Cruz não é do Rio de Janeiro. A produção dessas vacinas é da União”, disse.

O ministro da Saúde disse ainda que “nenhum estado da federação será tratado de forma diferente" e que "nenhum brasileiro terá vantagem sobre outros brasileiros", afirmou.

Há alguns dias, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que a vacinação no estado deve começar em 25 de janeiro de 2021.

O governo federal ainda não tem um calendário de vacinação.

As imunizações, porém, dependem de registro das vacinas na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que ainda não aconteceu. Na quinta (10), a agência aprovou uso emergencial da vacina contra Covid, mas nenhuma fabricante obteve essa autorização até agora.


Durante sua fala, o ministro disse que já está em busca de recursos para comprar as doses necessárias. “Determinei também que nós tivéssemos contratos, não vinculantes inicialmente, mas memorandos de entendimento com todos os fabricantes de vacina que se disponibilizarem no nosso país. [...] A responsabilidade é das autoridades que estarão oferecendo a vacina, oferecendo de forma gratuita e voluntária”, disse.

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