Alckmin diz que Bolsonaro seria seu ‘adversário ideal’ no segundo turno


Ex-governador anunciou lançamento de movimento batizado de ‘Centro Democrático’

MARIA LIMA - O GLOBO

Geraldo Alckmin participa de encontro com a CNA, em Brasília 
Ailton de Freitas / Agência O Globo


O pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, afirmou nesta quinta-feira que o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), também pré-candidato, seria seu “adversário ideal” no segundo turno das eleições presidenciais. Alckmin também anunciou que irá lançar um movimento batizado de “Centro Democrático”, para reunir lideranças suprapartidárias desse campo político.

— Se eu pudesse escolher um candidato para disputar comigo no segundo turno, o Bolsonaro seria meu adversário ideal no segundo turno — respondeu Alckmin, na saída de um encontro com o conselho da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), setor que tem demandado muito da sua agenda nessa pré-campanha.

O ex-governador de São Paulo defendeu a organização do centro como uma alternativa ao radicalismo político:

— Vamos lançar o movimento Centro Democrático. Não é um movimento do PSDB. Vamos trazer a sociedade civil dos vários partidos para construir um projeto de Brasil. Trazer para esse trabalho lideranças de vários setores, trabalhadores, empresários, liberais, gente da área da Cultura, profissionais liberais, para fazer um movimento para unir o Brasil em torno dos desafios que o próximo presidente vai ter. O Brasil não deve continuar nessa coisa de nós contra eles. O radicalismo não vai fazer com que a gente avance. É preciso pregar a união nacional, independente de ser partido A, B ou C — disse Alckmin.

As bases do movimento estão sendo definidas pelo senador Cristóvam Buarque (PPS-DF) e pelo o secretário geral do PSDB, deputado Marcus Pestana (MG). Ao final, será lançado um manifesto.

— O movimento vai buscar envolver forças que não compactuem com o populismo autoritário de esquerda ou de direita — disse Pestana.

Na conversa de mais de duas horas com dirigentes de federações estaduais de Agricultura e da CNA, Alckmin ouviu as preocupações do setor e falou de seu programa de governo para dar segurança jurídica aos produtores rurais, acabar com o aparelhamento da Emprapa , investimento em pesquisa e inovação tecnológica, criação de fundos de renda e contra catástrofes, regulamentação do Código Florestal já aprovado, mas, principalmente, da garantia de segurança jurídica e rigor na aplicação da legislação fundiária para combater ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e invasões de propriedades.

— Em São Paulo invadiu, desenvadiu, é automático, imediato, não há hipótese de não cumprir decisão judicial. Se queremos viver em democracia, tem que respeitar decisão judicial — disse Alckmin.


SEM CONVERSAS COM MEIRELLES

Alckmin voltou a negar qualquer articulação do PSDB com o MDB para a formação de uma chapa, que teria o ex-ministro e também pré-candidato Henrique Meirelles como seu vice. Ele também desautorizou o pré-candidato do PSDB ao governo de São Paulo, João Doria, a negociar essa suposta chapa em seu nome. Dória se encontrou com Temer no último sábado.

— Olha, não existe isso. Vi nos jornais. Não tive nenhum contato com o presidente Michel Temer. Nós estamos abertos ao diálogo, mas não teve nada disso, não sei de onde tiraram essa notícia. Seria até uma indelicadeza com o PMDB, que tem pré-candidato. Agora, diálogo, conversar, é sempre positivo — disse Alckmin, deixando uma porta aberta para futuras conversas.

Os integrantes do Conselho de CNA gostaram da conversa com Alckmin.

— Me impressionou sua visão de desenvolvimento regional . Isso para o Nordeste é muito importante, garantia de investimentos, de não faltar água. Alckmin falou de um projeto de transpor águas do Rio Tocantins para o recuperar o Rio São Francisco muito interessante — disse o presidente da Federação da Agricultura do Maranhão, Raimundo Coelho.

O presidente da CNA, João Martins, disse que o que mais preocupa o setor, é a eleição de um presidente que invista em infraestrutura, logística, legislação sanitária que proteja os frigoríficos de embargos externos e a exportação da produção agrícola cuja meta é aumentar de 230 milhões de toneladas por ano para cerca de 300 milhões de toneladas, aumento de 30%, até 2030.

— Temos que ter garantia de que não vamos jogar fora nossa produção por falta de condições de colocar lá fora — disse João Martins.


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