Deputada relata ter sido vítima de racismo por servidora da Alesp: 'Dói muito'

Thainara Faria afirmou que funcionária quis impedi-la de assinar livro para parlamentares

Thainara Faria 

Artur Rodrigues - Folha.com

A deputada estadual Thainara Faria (PT) afirmou nesta sexta-feira (31) ter sido vítima de racismo por uma servidora da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo).

Emocionada, a deputada de primeiro mandato fez um pronunciamento contando que outras vezes também sofreu racismo por servidores por eles não acreditarem que ela é deputada.

"Eu não gostaria de estar chorando aqui agora. Mas a questão é que dói muito toda hora sofrer racismo. Quando não dói, ele mata a gente. E eu não quero que mais ninguém passe por isso", disse.

Dessa vez, o caso aconteceu quando ela foi impedida de assinar um livro de parlamentares. "Quando desci da mesa e fui assinar os livros, a servidora falou: 'Não, esses livros são só para os deputados", disse. Ela afirma que, depois, ouviu a servidora falando em seguida: "É difícil".

"Voltei e falei para ela. É difícil todos os dias nesta Casa ser confundida. Nós procuramos vocês hoje para que fosse garantido o meu botom para que não precisasse passar racismo e vocês negaram esse botom. Porque não estão acostumados com uma mulher preta, jovem, de 28 anos circulando por essa Casa."

Ela afirma que não foi a primeira vez que aconteceu esse tipo de situação. Só na posse foram dez vezes, disse.

"Desde que eu fui eleita deputada estadual, eu venho sofrendo racismo nessa Casa. Na posse, uma policial e uma servidora pediu para que eu liberasse o caminho para que os deputados pudessem passar", disse.

A deputada diz que chegaram a confundir o assessor dela, branco, com um deputado.

Thainara foi eleita com mais de 90 mil votos nas últimas eleições. Natural de Araraquara, interior de São Paulo, foi vereadora da cidade aos 21 anos.

A reportagem procurou a Alesp, mas não obteve retorno sobre o assunto até o momento.

Comentários