Tarcísio e Nunes já negociam congelar tarifas de ônibus e metrô em 2023

Governador eleito e prefeito da capital planejam manter passagens a R$ 4,40 para segurar inflação e incentivar retomada econômica; Estado e Prefeitura têm caixa para elevar subsídios

Ricardo Nunes e Tarcísio de Freitas

Adriana Ferraz e Pedro Venceslau - Estadão

O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), já iniciaram conversas para manter as tarifas de metrô e ônibus congeladas também em 2023. O valor cobrado para a passagem unitária em ambos os sistemas de transporte está em R$ 4,40 desde janeiro de 2020. Segundo o Estadão apurou, a equipe de Tarcísio avalia os números do transporte estadual para bater o martelo com Nunes, que estuda até mesmo implementar a tarifa zero na cidade.

Em ambos os casos, os reajustes, quando ocorrem, devem ser informados à Assembleia Legislativa e a Câmara Municipal até o final de dezembro. Da mesma forma, o congelamento costuma ser definido no final do ano. No caso da Prefeitura, a decisão política de segurar o preço do ônibus vai custar aos cofres municipais cerca de R$ 4,6 bilhões neste ano em subsídios pagos às empresas que operam o sistema.

Operado pelo governo estadual, o sistema de trilhos funciona de forma diferente, já que tanto o Metrô como os trens da CPTM têm receitas acessórias que ajudam a custear os serviços. Apesar disso, o governo de São Paulo injetou R$ 1,6 bilhão no sistema metropolitano (incluindo os ônibus intermunicipais) somente em 2020 e mais de R$ 700 milhões em 2021.

A negociação entre Tarcísio e Nunes só é possível porque ambos os governos têm atualmente caixas igualmente bilionários. A gestão Rodrigo Garcia (PSDB) projeta deixar como “herança” para Tarcísio R$ 32 bilhões, valor suficiente para bancar quatro meses em salários do funcionalismo.

Tarifa zero

Enquanto negocia com o novo governo paulista a manutenção da tarifa a R$ 4,40, Nunes mantém a possibilidade de zerar o preço das passagens em São Paulo. A Prefeitura aguarda a conclusão de um estudo encomendado com essa finalidade para tomar a decisão que, não por acaso, projetaria eleitoralmente o atual prefeito que busca a reeleição.

Em 2024, a expectativa de Nunes é enfrentar o deputado federal eleito com mais votos em São Paulo, Guilherme Boulos, do PSOL, partido que tem como uma de suas bandeiras a tarifa zero no transporte público. Com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o Planalto e a reaproximação dele do MDB, no entanto, o prefeito tem usado o tema do transporte para acenar à esquerda, o que já gera ciumeira no PT.

No último domingo, Nunes recebeu em sua casa os irmãos Arselino Tatto, vereador da capital, e Jilmar Tatto, eleito deputado federal, ambos do PT. Jilmar foi secretário de Transportes na gestão Fernando Haddad (PT) e disputou a Prefeitura em 2020, quando presentou a proposta da tarifa zero. Segundo Nunes, a conversa girou em torno da gratuidade e não incluiu nenhum tipo de acordo para 2024, como sugeriu o também vereador petista Antonio Donato pelas redes sociais.

A reportagem não conseguiu contato com Donato, que foi eleito deputado estadual. Segundo a assessoria de Jilmar Tatto, a reunião foi marcada para que ele pudesse entregar a Nunes os estudos feitos por sua equipe sobre modelos de financiamento do transporte público. De acordo com Jilmar, essa será uma de suas bandeiras no Congresso Nacional.

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